Cores que inspiram poetas
Nossa colega recantista Anabailune derramou categoria poetando sobre a cor sépia. Foi muito além do que pintores que a usam como obrigação em todas as obras.
Não é cor de flor, nem de céu primaveril, mas é a sombra sem a qual não se pode destacar a luz. Todo por de sol, magnífico, que deixa extasiado o observador é emoldurado pelo humilde sépia que aprisiona a luz esmaecente na tentativa de segurá-la por mais tempo, ou quiçá, para sempre.
Procurem numa caixa de tintas quais cores estão no fim, caracterizando seu maior uso pelo artista. Lá estarão o branco e o sépia em seus últimos centímetros: a luz e a sombra.
Nossas vidas são povoadas de luz e sombra, ora mais ora menos intensas, mas um alternar permanente como uma troca de turnos para que nada fique pesado demais para se carregar. Damos mais valor à saúde quando por ela passa uma sombra e em seguida volta a luz.
Com o sépia caracterizamos coisas envelhecidas pelo tempo que causa a nostalgia citada por Anabailune, mas usado com arte pode caracterizar um monocromático de bom gosto que insinua que por trás de toda a sombra deve, a qualquer momento, despertar um raio de luz. Basta que para tanto se deixe abrir uma fresta numa porta, tal como na vida.
Parabéns, Anabailune, pela originalidade na escolha da cor.