Cores que inspiram poetas

Nossa colega recantista Anabailune derramou categoria poetando sobre a cor sépia. Foi muito além do que pintores que a usam como obrigação em todas as obras.

Não é cor de flor, nem de céu primaveril, mas é a sombra sem a qual não se pode destacar a luz. Todo por de sol, magnífico, que deixa extasiado o observador é emoldurado pelo humilde sépia que aprisiona a luz esmaecente na tentativa de segurá-la por mais tempo, ou quiçá, para sempre.

Procurem numa caixa de tintas quais cores estão no fim, caracterizando seu maior uso pelo artista. Lá estarão o branco e o sépia em seus últimos centímetros: a luz e a sombra.

Nossas vidas são povoadas de luz e sombra, ora mais ora menos intensas, mas um alternar permanente como uma troca de turnos para que nada fique pesado demais para se carregar. Damos mais valor à saúde quando por ela passa uma sombra e em seguida volta a luz.

Com o sépia caracterizamos coisas envelhecidas pelo tempo que causa a nostalgia citada por Anabailune, mas usado com arte pode caracterizar um monocromático de bom gosto que insinua que por trás de toda a sombra deve, a qualquer momento, despertar um raio de luz. Basta que para tanto se deixe abrir uma fresta numa porta, tal como na vida.

Parabéns, Anabailune, pela originalidade na escolha da cor.

Ana Toledo
Enviado por Ana Toledo em 04/12/2010
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