COMPUTADOR E SUAS ENTRANHAS...

Lancei uma reflexão sobre a terapia que salvou milhares do ócio absoluto, “O Vício do Computador”; está entre os mais lidos temas meus. Aditei que a máquina deu a muitos luz mínima para sobreviverem entre paredes, aprisionados por doenças psicossomáticas ou locomotoras, uma redenção trazida pela revolucionária máquina, afirme-se, redenção benéfica para muitos que estavam neutralizados de convívio para o ser eminentemente social, o homem.

Isto deve ser festa, gáudio, ágape, nunca caracterização de anátema, mancha, diminutivo de valores, e nada há de diminutivo nisso. A vida é para ser vivida como se apresenta....

Ninguém é limitado na vontade por desejo pessoal, são ocorrências da vida. Ninguém é inválido na vontade por opção, muito menos na locomoção física, balizada por eventos ou ancianidade e outras concorrentes. Corolários da vida, pura e simplesmente. Até mesmo o vício dos que não podem superá-lo é decorrência da existência, hábitos por vezes intransponíveis, chegados e vividos, sofridos....

Quando da publicidade da crônica referida vi raios de agravos inexistentes, visão que a lida com conflitos me conferiu. Lamentei e deixei de publicar esse acréscimo que ora faço. Disse então: “ Por que manifesto essas colocações? Por sentir nas entrelinhas de poucas reações, e até mesmo na vastidão do silêncio eloquente, a interpretação da exegese acanhada de “pegar para sua conduta” apreciações genéricas desvinculantes e rotineiras, simplistas e conjecturais.

Ninguém quer ser viciado, obviedade diserta, solar, claríssima. Ninguém gosta de cárcere, prisão, o homem foi criado para caminhar no mundo.

Vício aprisiona a vontade, mas vício é humano, não se pede, chega. Alguns se comportam como se vício não fosse humano. Ninguém quer ser escravo da máquina, ou ter qualquer vício, nem que aparentemente benéfico.

O “vício”, em termos, do computador, de certa forma é postura que veio melhorar, não piorar uma realidade. Quando se está péssimo, sem possibilidades, voltados para o nada, em ergástulo permanente, qualquer preenchimento que oxigene a vida que se escoa sem sentido é válido. De repente nota-se que não se está morto, e a vida é tudo.

Como disse em artigo anterior, conheço várias pessoas com esse perfil, presas em casa, pela idade ou circunstâncias e tendo pela chave da máquina a abertura, o contato com o mundo que lhes era sonegado por suas limitações enormes que persistem. Mas o computador foi a redenção.

Não vale dizer, não é isso nem aquilo.

Isso e aquilo, A MÁQUINA, ao computador, é preciso agradecer e reconhecer, resolveu, FOI REMÉDIO EFICAZ que nem a falida psicanálise, anfetaminas, álcool, lamentos solucionou. Somos vida e se chegamos a ela de alguma forma, saindo da fossa de um inferno como os círculos de Dante Alighieri, que se comemore. Ressurgimos...

Muitos vêm ao teclado dizer, “não sei escrever”, “estou treinando”, etc. Devem continuar suas experiências maravilhosas que lhes deu outro sentido de vida,não dando importância a quem lhes mande fazer coisa diversa do que escrever, NINGUÉM É DONO DESSES DOMÍNIOS, só a tacanhez a tanto se dirige, restando uma só baliza, não se achar, pela troca de elogios de meia-dúzia, no ato de escrever no computador, nesse ou naquele site, o tal clubismo da internet, um novo e marcante “literato”, "um best seller", a grande descoberta pelo mundo do maior escritor até então desconhecido, o fulgurante “fenômeno” que como “pinto no lixo”, vagueia a navegar.

Nesse caso o computador é palavrão, nunca redenção, aumentou a patologia, agigantou o nada, não há nada que “cure” o mal originário.

Tomemos o cálice na medida certa, festejemos a ressureição...., não a compulsão.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 03/12/2010
Reeditado em 03/12/2010
Código do texto: T2651378
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