POUCOS SOBREVIVERÃO
A conversa seguia animada, num grupo de amigos, a respeito da quantidade de impostos que o brasileiro paga e, agora, os políticos recentemente eleitos, reeleitos, já falam na volta da famigerada CPMF que serve apenas para tirar mais dinheiro de quem já não tem quase nada.
Um dos amigos disse:
- Para ilustrar o nosso drama que é tragicômico, vou lhes contar uma história singular, todavia, não é destituída de algum fundamento e até, quem sabe, se não viveremos isto?
"Era uma vez um trabalhador assalariado, que morava na zona leste da cidade de São Paulo; que trabalhava numa grande fábrica naquela Capital; que se levantava às quatro horas da madrugada, diariamente, após ter ido dormir lá pelas onze e meia; que saía de sua casa, num lugar pobre, correndo para não perder a condução; que, para chegar ao trabalho viajava quase duas horas, apertado, mal acomodado num trem de subúrbio; que dava um duro danado, suava no serviço de carregar pesados tonéis; que almoçava todo dia uma comida requentada que trazia em sua pequena marmita; que tinha mulher e quatro filhos que mal podiam freqüentar a escola pública em razão da falta de roupas e até de dinheiro para compra de materiais escolares que o governo prometia mas não dava; que no fim do mês recebia seu minguado salário deixando-o quase todo no supermercado; pagava luz, água, alguma prestação atrasada em uma loja e já ficava sem um tostão; que, certo dia, ao pegar o talão do IPTU e examinar o valor das taxas, percebeu uma que não tinha visto ainda e foi à sede da regional para se informar; que lá chegando, na recepção foi-lhe dito que a cobrança referia-se a "Taxa Atmosférica"; que se dirigiu ao setor competente, e lá confirmaram-lhe que a partir de então estava sendo cobrado uma taxa pelo ar respirado, que em razão dele morar em região não poluída, a alíquota, inclusive, era mais elevada.
Então, o pobre trabalhador dali saindo, pensou:
- Se agora temos que pagar imposto até para respirar um ar mais puro, com nosso salário, creio que poucos sobreviverão...
Pegou uma faca, cortou os pulsos e morreu.
Este caso aconteceu ou quase, não há muito tempo; o cenário político era o mesmo de hoje. Os partidos políticos brigavam entre si, na luta por cargos públicos, vantagens, etc., esquecidos da grande maioria da população brasileira, que era quem mais sofria em razão da enorme quantidade de impostos existentes, pelo já conhecido efeito cascata, onde o fabricante repassa para o produto os etc., etc., o que hoje nada mudou, pois a pesada carga tributária quase sempre continua a esmagar o povo, faltando apenas surgir um imposto pelo ar que respiramos e, aí, poucos sobreviverão..."
A ONU divulgou, há pouco, o IDH(Índice de Desenvolvimento Humano), que é medido pelas condições de educação, saúde e moradia digna baseada nos salários recebidos, onde o Brasil, na América Latina, está atrás do Chile, Perú, Argentina, Uruguai e outros países que, originariamente, são mais pobres que nossa imensa Nação.
Bem, com a volta da CPMF...