Somos quem queremos ser

Particularmente, gosto muito de Engenheiros do Hawaii. Fui comprar um CD deles, e dei sorte de achar um com uma das músicas deles que mais me agradam: "Somos quem podemos ser". Enfim, quando cheguei em casa fui ouvir meu CD novo, claro, e comecei a prestar atenção na letra da música.

Desculpem, senhores, a música de vocês é realmente ótima, mas não somos o que podemos ser. Somos menos, bem menos.

A verdade é que nós somos o que queremos ser. E às vezes, ou melhor, na maioria das vezes, queremos ser bem menos do que podemos. No nosso mundinho conformado, gostamos de ser medíocres. Nossa meta, na vida, é estar na média. (Pelo menos a maioria das pessoas, convenhamos).

É até compreensível: a mediocridade traz conforto. Não incomoda e nem é tão mal vista como o "ruim", e nem demora tanto pra chegar como o "bom".Ser medíocre, aliás, e saber se colocar no meio dos dois opostos, é talvez uma arte.

Uma arte que, infelizmente, vem sendo muito praticada (e admirada) ultimamente. E tudo que podemos ser fica simplesmente escondido, enquanto estamos contentes em praticar a mediocridade.

Claro, tem o lado social da coisa: se tentamos um pouco mais, ou queremos algo diferente, somos taxados de, no mínimo, "peculiares". Não sou a primeira nem a última a dizer isso, e sabe porquê? Porque isso não é novo, não, já acontece há bastante tempo, e vai continuar acontecendo. Fazer o que, né?

Talvez na nossa mediocridade esteja a razão de por que todos dizem que vão mudar o mundo, e não mudam. Nunca. É porque para mudar o mundo, precisamos antes mudar quem somos. E para mudar quem somos, precisamos querer. Antes de tudo, somos quem queremos ser.

Lúcia Lemos
Enviado por Lúcia Lemos em 02/12/2010
Reeditado em 03/12/2010
Código do texto: T2649595