MEU PAI.
Chagaspires.
Hoje irei falar de um assunto que algum tempo vem me inquietando: Meu pai.
Meu pai foi aquele pai que só sabia fazer filhos.
Casou com minha mãe e fez o infortúnio da pobre criatura.
Deixou a família depois de ter constituído três filhos, e lá pelos meus sete anos de idade tive que conviver com uma família paralela o que muito me desgostava.
Pessoa que tinha pouco conhecimento com as letras e vindo de uma cidadezinha do interior de Limoeiro, se estabeleceu em Camaragibe.
Da família dele conheci um tio e três tias, minha avó, alguns primos.
Ele gostava de freqüentar o baixo meretrício e teve com algumas mulheres convivências que muito atrapalharam nossa vida.
Mulheres sem compostura e atrevidas que muitas vezes desafiaram a nossa mãe na nossa presença.
Minha saudosa mãe não suportando tantos dissabores perdeu a noção das coisas tendo que ser internada numa clínica para restabelecimento da saúde psíquica.
Daí em diante tive que trabalhar para ajudar na sobrevivência financeira da família, e contava com apenas treze anos de idade.
Minha mãe veio a falecer aos sessenta e dois anos, quando eu já havia me casado e já possuía meu primeiro filho Kleber Henrique.
Com o incentivo dela (minha mãe), juntamente com o da minha primeira esposa estudei em alguns bons colégios da época, o Padre Félix que ficava na Avenida Conde da Boa Vista, Ginásio Pernambucano,e o colégio da Faculdade Católica.
Trabalhei em algumas empresas entre elas a Fábrica de Molas Camaragibe, Brasil Gás, Companhia industrial Pernambucana e finalmente Polícia militar de Pernambuco onde entrei como soldado chegando até a patente de Major.
Hoje sou formado em Gestão de Recursos Humanos pelo Instituto Pernambucano de Ensino superior.
Meus outros irmãos não tiveram o mesmo entusiasmo que eu e não chegaram a cursar o Segundo Grau.
Depois de aposentado e já adoentado meu pai passou a me procurar todos os meses. Seu interesse maior era dinheiro.
Ele só me via como um banco onde a principal transação era monetária.
Isso muito me incomodava, pois nem siquer procurava saber como estavam minha mulher, eu e meus três filhos.
Quando começou a fazer tratamento no Hospital do Câncer, eu ia buscá-lo em Camaragibe(eu morava em Rio Doce um Bairro da Cidade de Olinda e já possuía um automóvel) até quando chegou a falecer.
Tomei todas as iniciativas para seu sepultamento e o enterrei no túmulo da nossa família que ainda hoje existe no cemitério de Camaragibe.
Da família paralela me deixou nove meio- irmãos.
Sete dele e dois filhos que a outra mulher já possuía com outra pessoa.
Não nos ajudou a criar e nem criou os outros de maneira satisfatória.
Muitas vezes o tratei com o rancor acumulado durante os anos.
Hoje depois do tempo passado muito tenho me arrependido e se houvesse tido um encontro com Cristo e o entendimento que possuo atualmente com certeza teria tido mais paciência e suportado aquela situação de outra maneira.