Formação de valores.
Leio sobre a infância das pessoas, e vejo que o que contam não é muito diferente das minhas colegas de infância.
Fiz o Primário e Ginasial em escolas públicas. A Escola onde fiz o Curso Primário era nova e o ensino era de bom nível. Nossa Escola até Biblioteca, o que nos anos sessenta era uma glória.
Podíamos levar livros emprestados, chegar mais cedo ou ficar depois da aula e desfrutar daquele espaço. Por isso nunca senti falta de livros que os meus pais não podiam adquirir. Lia o que era orientada a ler e outros por curiosidade.
Lembro de colegas que tinham materiais sofisticados: malas, calçados, jóias. Na época as meninas podiam ir à escola com correntes de ouro, pulseiras, brincos, anéis.
Havia as que iam de carro, levavam quitutes importados para o lanche...
Os meus pais eram relativamente pobres. E digo relativamente, porque eu nunca senti falta de coisa alguma, apesar de usar o material básico.
Há alguns anos percebemos que muitos pais temem dizer não aos filhos, sem saber como é bom para eles aprender a administrar e ser feliz com o necessário.
Eu gostava de ver as colegas bonitas, mas era como alguém que admira uma bela vitrine, pela arte que ali está e não porque deseja ou precise possuir qualquer objeto exposto.
Talvez por isso eu tenha crescido sem conhecer a inveja e a compulsão em adquirir coisas, que como bem dizia a minha mãe, “criam pó e exigem manutenção.”