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DIZER UMA COISA E FAZER OUTRA

Dias atrás, presenciei acalorada discussão a respeito da compra de um novo avião presidencial, para servir a presidente Dilma Roussef, num preço duas vezes mais caro que o tal do "aéro-lula", que já é um luxo e custou noventa e cinco milhões de reais.
Frequentador de sauna que sou, tenho oportunidade não só de relaxar, descontrair, mas de me colocar em dia com os assuntos da política, e muitos outros...
Se estamos em companhia de amigos, o "papo" centraliza-se quase sempre naquele círculo, e o que se ouve são os temas dos assuntos apenas ali ventilados. Porém, se estamos sós, o panorama muda, pois, ora nos abeiramos a escutar a conversa de um grupinho aqui na sauna seca, ora de outro, ali, na sauna úmida...
É interessante, pois, na sauna, o pessoal desata a língua, porque, afinal, principalmente naquele vapor onde quase não se vê o rosto de ninguém, fala-se de tudo...
É o ambiente ideal para quem gosta de escrever, pois se colhe material deveras interessante.
As horas passam, e saímos dali com o "baú" cheio de casos, piadas, debates políticos, futebol e outros tantos temas; enfim, ouve-se de tudo no singularíssimo ambiente chamado sauna...
A conversa estava muito "quente", com os ânimos exaltados, a respeito dessa idéia do novo avião, no valor absurdo de cento e noventa milhões de reais.
Alguém disse:
- O Lula afirmou que passa vergonha com o tal "aéro-lula" por causa da autonomia de vôo de apenas 12 horas...
Alguém retrucou:
- Mas não viram isto antes de comprá-lo? E agora, somos nós que vamos pagar a conta, como sempre?!
Alguns mais "apaixonados" erguiam a voz ameaçadoramente, quando um dos circunstantes, que não participava da discussão, aproximou-se, pediu licença e disse:
- Perdoem-me, mas eu acompanho o movimento político do Brasil há muitos anos, entretanto, a fim de encerrar o infrutífero debate dos amigos a respeito de certos políticos, permitam-me que narre pequeno apólogo, que ouvi alhures, certa ocasião:
- Conta-se que um velho lobo que andava com muita fome, e por onde fosse que passasse, parava e punha-se a cheirar. Farejava aqui, ali e, certo dia, farejou à porta de uma casa próxima à floresta, ouviu uma criança a chorar lá dentro e uma voz de mulher que falava assim:
- Não chores!
- Olha que se choras, chamo o lobo para vir te comer!
Era o que o lobo queria ouvir. Ficou a escutar durante um longo tempo, já a se lamber muito consolado. Depois, horas mais tarde, a palavras da mulher eram já diferentes, porque dizia assim para o garoto chorão:
- Não chores meu menino, não chores. Anda que, se aqui vier o lobo, havemos de matá-lo!
O lobo foi-se andando, mal ouviu isto, e ia dizendo consigo:
- Cruzes! Ora esta! Não há de ver que nesta casa dizem uma coisa e fazem outra?!
Assim é, meus amigos, concluiu o desconhecido, se buscarmos a moral da história vamos ver que a atitude de muitos políticos é muito parecida com a que intrigou o velho lobo, pois, quando em campanha eles dizem uma coisa, contudo, quando eleitos, ao entrarem na "casa", seja qual seja, Câmara, Assembléia, onde for, fazem outra...
- Então, vale a pena discutir?...
O grupo dos debatedores silenciou, e um a um, seus integrantes foram saindo em busca da ducha fria: eu, por minha vez, fiquei mais algum tempo a pensar no significado do que é ser político de verdade...
PEDRO CAMPOS
Enviado por PEDRO CAMPOS em 01/12/2010
Reeditado em 21/05/2014
Código do texto: T2647760
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