10% do futebol

10% DO FUTEBOL

(crônica publicada no jornal "Diário Catarinense" de 01.12.10)

Apresentar dez por cento, se tanto!, do seu futebol é o que o Palmeiras vem fazendo ao anunciar que as uvas estavam verdes, verdes da cor da sua camisa que também foi se desmanchando, descaracterizando, amarelando. Uvas verdes da Libertadores do ano que vem e, pior ainda, uvas verdíssimas do título de campeão brasileiro deste ano. Alguém então, em dado momento, olhou para os lados e, mais esperto do que todo mundo, descobriu o caminho plano e confortável da Copa Sul-Americana e proclamou: campeões lá, estaremos na Libertadores sem necessidade de disputar vaga com 19 equipes brasileiras! E acrescentava: só temos moleza pela frente, um Avaí equilibrando-se para não cair, um Goiás já rebaixado para a Série B!

Então o time começou a perder: perder para quem estava brigando pela permanência na Série A, prejudicando assim outros competidores igualmente pendurados que suavam a camisa em seus jogos, e perder para quem disputava o título com o Corinthians, visando prejudicar o "coirmão". Tanto aprendeu a perder e tanto gostou de perder que acabou eliminado na semifinal da Sul-Americana pelo rebaixado Goiás.

Manipulou resultados descaradamente como uma Ferrari e, como uma Ferrari, se deu mal - não sem antes fazer escola, manchando de vergonha o futebol, que deveria ser esporte.

Mas 10% do futebol brasileiro de classe A é o que tocou para a "modesta" Santa Catarina e - não é arrogância, são os fatos - para a "pequena" Capital do Estado. O Figueirense foi decidido para chegar onde o Avaí já se encontrava e a equipe azurra da Ressacada foi heroica na arrancada final para permanecer na elite - com três hurras (ou três urros, de Leão) para o gigante leão Caio.

Soberbo Estado, grande Capital, terão que mostrar em 2011 que não foi obra do acaso o fato de colocar dois times entre os 20 melhores do futebol brasileiro, cujo campeonato é um dos mais importantes do planeta. Ou seja: que não foi mera casualidade Avaí e Figueirense estarem, juntos, entre os times de futebol mais importantes do mundo.

Vão precisar mostrar competência, sim, porque não faltará gente que, inconformada, começará a exigir (no tapetão ou "a la" Palmeiras, fabricando resultados) que prevaleça o embolorado centralismo geográfico que, neste País, predefine que as coisas e as gentes importantes só acontecem no eixo exclusivista formado por três ou quatro estados da Federação.

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"Uma das senhoras da tal escola havia organizado uma festa para as adolescentes da escola e havia convidado um atorzinho da Globo, desses que estouram em determinada novela e são totalmente esquecidos em seguida, para dançar uma valsa com a 'sortuda' aluninha sorteada para realizar este 'sonho de Cinderela'. E disse-nos a dita senhora [a nós, à pobre Marcia Kupstas e ao pobre eu, que não receberíamos sequer um tostão de cachê] que o evento fora um sucesso e que o tal atorzinho havia cobrado 'apenas'... 3 mil dólares de cachê!"

Pedro Bandeira, O escritor-brinde.

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Amilcar Neves é escritor com sete livros de ficção publicados, diversos outros ainda inéditos, participação em 32 coletâneas e 44 premiações em concursos literários no Brasil e no exterior.

==> Em breve, "Se Te Castigo É Só Porque Eu Te Amo" (teatro) chegará às prateleiras das livrarias.

Amilcar Neves
Enviado por Amilcar Neves em 01/12/2010
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