O PROBLEMA DA DROGA.

A “droga” está na vida do homem desde que ele iniciou sua consciência. Em ritos sagrados e muitas entronizações em sociedades primevas a droga era o ponto culminante. Sem dúvida a pior droga fartamente usada em nossos dias e aceita erradamente nos textos regulatórios da sociedade é o álcool.

Da mesma forma como hoje se inibe o fumo nos países civilizados, embora este só maltrate a saúde, permite-se a comercialização do álcool sem controle, destruindo ele a saúde e a personalidade. Devastador da personalidade, segregando o homem quando o torna refém pela dependência, faz dele um excluído da sociedade, um pária social, fantoche sem vontades com um único alvo, a droga.Tudo com mira e alicerce na droga, nada pode apartar o viciado de seu sustento maior, a droga é sua vida, a não-vida.

Não é difícil ver milhares de cidadãos se entregarem covardemente ao álcool. É a fuga de seus tormentos e demonização de suas mentes anormais, que rejeitam o estado normal. A fragilidade que necessita tratamento, sempre recusado.Frequentam por índole, mesmo covardes sejam, as sombras do crime, o desapego familiar, o desamor, o abandono dos entes queridos, a indiferença para consigo mesmo, largados em tudo, desde a aparência pessoal até primeiras necessidades, vendo a vida passar em permanente letargia, imersos no sono infernal da ausência de consciência plena. São doentes originários, praticamente genéticos. É uma das legiões de insanidade.

A loucura tem gradação bem como a insuficiência. Nos regimes penitenciários judiciais por insanidade, manicômios judiciários, a maior população é de alcólatras. E o Estado não põe barreiras nesse consumo.

No momento em que o Rio de Janeiro enfrentou com as forças necessárias a intimidação pretendida pelo crime, pondo de lado confrontos políticos anteriores, quando o Estado e a União se recusavam a ver “a ordem pública” comprometida, sem autorizarem a intervenção das forças armadas, com lastro constitucional permitido, negada esta faculdade à Carta Política, é bom que não se festeje um episódio necessário e bastante retardado, mas que se mantenha a vigilância e se alastre a intervenção, antes de policiais do alto escalão advertirem a Favela da Rocinha “que fiquem quietinhos”, ou seja, vendam suas drogas sem incomodarem os passantes cá embaixo, no asfalto.

Não há nenhuma “guerra civil”, como faz tempo, os que nada sabem de normas e doutrinas espalham, muito menos crime organizado, de meia-dúzia de ignorantes que fogem como crianças diante do Estado aparelhado. Guerra civil tem cunho político, embate ideológico, nunca contrariedade às normas penais. Isto é outra coisa, chama-se segurança pública sem risco para a soberania. O verdadeiro baronato do tráfico, subvencionado pelos “Abadias” e outros, protegidos institucionalmente por poderosos é o grande quisto, como o é também o devastador “álcool”, sem abordagem do Estado, sequioso de seus altos gravames, impostos incidentes.

E na base da sociedade estão todos os responsáveis pelo estado de coisas que a humanidade sempre enfrentou, os “consumidores”, o motor inicial que dá vida a todo esse infortúnio. A bebida permitida mata o alcólatra e os que estão ao seu redor, moralmente, civilmente, pessoalmente, da mesma forma como “quem cheira mata”, verdade que tomou conta de guetos pobres distribuindo o consumo nessa gigantesca rede de consumidores de drogas com todas suas sequelas de retirada dos direitos de muitos, das esposas, companheiras, filhos, irmãos, pais, pessoas.

O drogado é um morto-vivo. Que o Estado tenha políticas de prevenção e intimidação quando se pretendem fortes aqueles que são fracos, mas não se esqueça que eles, os consumidores, são os sujeitos passivos da relação criminosa, já que o bem jurídico tutelado é a saúde pública.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 30/11/2010
Reeditado em 30/11/2010
Código do texto: T2645961
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.