GENÉTICA DA FANTASIA

Passeávamos na orla da praia,  Augusto e eu, quando ele tocou meu ombro com suas mãozinhas e disse, quase em tom de confissão, com aquela certeza que as crianças de 3 aninhos têm:

- Vó. Não quero mais ter braços.
- Como assim, meu lindo?

- Quero ser um urubu.
- Mas por que isso, querido da Vó?

- Porque se eu for um urubu, vou ter asas. E, se eu tiver asas, vou ser o Super Heroi.
- Hãnnn ... Mas quando você for o super Herói, como é que Vó vai ficar longe de você?
- Não, Vó. Vai ficar longe não. Você vai ser a Mulher Maravilha!

Paramos por um instante e fiquei observando o quase êxtase dos seus belos olhinhos azuis, que me pareceram mais brilhantes que os de costume, enquanto acompanhavam o movimento de um urubu que fazia piruetas sobrevoando a área e pensei, meio embasbacada, no que a genética é capaz:

- Ai... ai... ai ...Esse aqui começou cedo. 
  Normal.
  Perfeitamente normal.


* eu , amanhã.

Miriam Dutra
Enviado por Miriam Dutra em 29/11/2010
Reeditado em 30/08/2012
Código do texto: T2644403
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