Descobrindo Poesia

Descobrindo Poesia

O menino tem nove anos. Como todo menino, gosta de jogar bola, correr, pular, soltar pipa. No jogo de futebol é o melhor centroavante. É o que ele diz.

Na escola é bom em matemática. Sua percepção só observa o que é concreto.

Outro dia, numa ida a biblioteca da escola, por ordem da professora, teve que escolher um livro para ler em casa. Depois de manusear vários livros, optou por um bem fino, que, segundo seu entendimento, daria menos trabalho para ler e responder as perguntas que a professora fizesse. Não prestou atenção no tema do livro; nem que, o mesmo, era da 8ª serie, grau muito superior ao seu.

Chegou a casa com o livro e foi pedir ajuda à mãe.

A mãe, ocupada, tentando desempenhar a tripla função de: mãe, dona de casa e executiva, folheou o livro e observou tratar-se de um livro de poesia, um pouco fora do alcance ao entendimento infantil. Sem tempo para questionar, ponderou: Isto é poesia. Poesia é com sua avó. Pede ajuda a ela.

O menino levou o livro até a avó e perguntou:

-Vovó. Peguei na biblioteca um livro de poesia. Você me ajuda a ler?

-Claro! Ela respondeu. Você sabe o que é poesia?

-Mais ou menos... Falou o menino procurando disfarçar sua falta de conhecimento.

A senhora sorriu e tentou explicar.

-Poesia nasce dentro da gente. É pensar colorido. É escrever com melodia o que sentimos. Não é a árvore, é o balanço dos galhos da árvore. Não é o choro, é a tristeza ou a alegria que sentimos quando choramos.

Como é de se imaginar, para alguém de pensamento absoluto, esta explicação talvez não fosse entendida. Mas, o menino balançou a cabeça afirmativamente.

A avó leu duas ou três poesias e perguntou.

-Gostou?

-Ham... ham

-Um dia você ira gostar mais. Por enquanto, você deve prestar atenção e escolher livros da sua série.

O menino sorriu e saiu correndo.

A senhora ficou pensando: O que ele terá entendido?...

A semente foi jogada. Em que terreno terá caído?

No dia seguinte, o menino entra em casa correndo, chamando pela avó.

-Vó, hoje no futebol eu senti colorido. Driblei meu amigo, chutei a bola e ela entrou no gol. Aí eu senti no meu coração que o meu gol era preto, branco e vermelho. Da cor do meu time!

Acho que isso é poesia. Só falta a melodia.

Vou tentar escrever uma poesia.

A avó, com um sorriso, abraçou o menino, deu parabéns!...

E pensou:.

A semente caiu em terra fértil.

Lisyt

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Lisyt
Enviado por Lisyt em 29/11/2010
Código do texto: T2643820