EU NÃO DISSE? USE COM MODERAÇÃO!

"O telefone celular já excita o imaginário do paulistano. Previsto para entrar em funcionamento em junho, o novo aparelho mexe com a imaginação dos mais inquietos, antecipa discussões sobre as formas de usá-lo e provoca um corre-corre atrás de inscrições". Esse é um trecho que saiu na Folha de São Paulo, em março de 1993.

Em 18 de novembro de 2010 a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) divulgou que o Brasil ultrapassou a marca de um celular por habitante.

Enquanto aumentava vertiginosamente o número de aparelhos, diminuía o tamanho dos mesmos. Dos velhos "tijolões" passamos para umas coisinhas tão pequenininhas que, hoje, cabem tranquilamente na mão fechada. Tem até gente dizendo que está se formando uma geração de "bocas tortas", tão diminutos estão ficando os celulares. Já foi símbolo de status, mas hoje se tornou imprescindível para a maioria das pessoas. Indispensável para os negócios, favoreceu também o intercâmbio familiar entre pais e filhos.

Por outro lado, esse aparelhinho pode criar um círculo vicioso. Certas pessoas não mais conseguem viver sem ele, levam-no sempre a tiracolo como se fosse parte do corpo, falam em qualquer lugar, de tal forma que acabam se tornando inconvenientes para os outros. Deveria vir, a exemplo das bebidas alcoólicas, um "Use com moderação" ou, quem sabe, um "Use com educação". Porque o celular entra em qualquer ambiente e a qualquer hora. Muita gente não se dá conta que está num espaço público e acaba se tornando incômoda. É gente falando alto, quase aos berros, em restaurantes, na rua, na praia, esquecendo que ninguém está interessado na sua conversa. E sempre tem aquele vizinho que faz questão de atender o celular na janela, aos gritos, para todo o quarteirão ouvir. E no cinema, no teatro, em templos religiosos? Embora sejam dados avisos para desligar o aparelho, há sempre um esquecidinho. Silêncio total, o telefone toca e a pessoa, com vergonha, finge que o aparelho não é dela...

Quem deveria estar escrevendo esta crônica é o meu amigo mineiro-gaúcho Dante Marcucci. Tenho certeza absoluta que ele teria milhões de exemplos sobre as inconveniências do celular. Ele até já havia me sugerido que eu escrevesse na série que publiquei como "Coisas inúteis". Porque assim como ele sabe que sou anti-norte-americana declarada, eu sei que ele é anti-celular-assumido. Portanto, dedico este texto a ele e finalizo com uns dizeres tirados de uma placa exposta na web que, sei, o farão exclamar: Eu não disse?

CELULAR

Aqui não tem sinal

Nem OI

Nem TIM

Nem CLARO

Nem ESCURO

Nem VIVO

Nem MORTO

Operadoras, onde estão vocês?

Aqui também é BRASIL!

Giustina
Enviado por Giustina em 29/11/2010
Reeditado em 20/02/2014
Código do texto: T2643665
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