PREITO À MULHER SAMARITANA

PREITO À MULHER SAMARITANA

É no meio da família, na mais tenra idade, que recebemos os primeiros valores repassados da forma educacional ortodoxa, intercalados por idéias preconcebidas herdados dos antepassados mais remotos. Entres esses um se arraiga de imediato em nosso caráter, a nos acompanhar até a idade mais avançada: a pretensa superioridade do homem sobre a mulher.

Não poderia ser diferente; chavões como “homem não chora”, isso não é brincadeira de homem”, você é homem, não pode chorar”, nos são transmitidos à exaustão sem levar em conta a idiossincrasia masculina, a nortear daí em diante nossa personalidade. Mais tarde, na idade adulta, avaliamos a situação da mulher ao admirar sua posição de relevo em nossa sociedade; então exaltamos sua destinação divina em gerar vidas e sua diuturna influência no equilíbrio e na harmonia familiar.

É a grande timoneira, ao guiar o barco do cotidiano a singrar em águas revoltas, com ousadia e mestria a contornar os obstáculos surgidos ao longo do percurso. Falo com conhecimento por ter uma mãe que encarna com altivez o papel de matriarca dos tempos modernos, ao administrar com rigidez a família.

Sempre me causou espécie a famigerada fragilidade feminina disseminada, creio, no período mais exacerbado de nosso secular machismo. Como pode ser frágil alguém fonte e desaguadouro da vida? Como pode ser frágil alguém que durante nove meses é portadora/ mantenedora, no ventre, de um ser mais tarde desfrutador da vida, o bem maior legado pelo grande arquiteto do universo?

Como pode ser frágil alguém incondicionalmente solidária, nos piores momentos colocando-se em favor do filho ou companheiro seja qual for a contingência ou deslize cometido? Como pode ser frágil alguém que subvertia o rígido padrão patriarcal e, mesmo ameaçada de deserdação desafiava a família e ia ao encontro de sua realização amorosa? É conhecida, também, a atitude tomada por ela quando o marido/companheiro, em ato inopinado, comete delito que o leva à prisão; diferentemente do homem, (pesquisa o comprova), se mantém leal ao companheiro até o cumprimento da pena.

O que dizer, ainda, do desvelo daquela mulher/mãe ao conceber criança incapacitada para uma vida normal; abdica de tudo para cercá-la dos cuidados necessários a uma vida digna. Vejo-a na escola, no hospital, ou mesmo em passeio; emociona-me tanta ternura, tanto desprendimento em favor daquele ser diferenciado, a si destinado tal qual provação pelo grande arquiteto do universo!

A mulher, sempre a mulher... Sempre a presença sobranceira, a estabelecer contraponto às atitudes mesquinhas, egoísta, quando do exercício das fraquezas e caracteres humanos. Está implícito, pois, no contexto dos conceitos encimados, o dogma sobre o qual se arrima a mulher e modela sua ação:

“O AMOR, ESSE SENTIMENTO QUE PREDISPÕE ALGUÉM A DESEJAR O BEM DO PRÓXIMO E ENSEJA A DEDICAÇÃO ABSOLUTA DE UM SER A OUTRO”. No dia que esse sentimento nobre prevalecer em toda face do globo teremos um mundo contrário à afirmação do pensador Ferrero: SOMOS UMA CIVILIZAÇÃO QUE SABE FAZER A GUERRA, MAS NÃO FAZER A PAZ.

Por que todos esses elogios em torno da figura da mulher Samaritana? Porque havia poucos dias foi comemorado o dia das mães que, a despeito de seu caráter comercialesco, presta justo reconhecimento à essa criatura radiosa, transbordante, merecedora da homenagem por representar a virtude sobre a terra.

Por mais boa vontade que tenhamos em reverenciá-la em toda a plenitude será pouco diante de sua dimensão, de sua presença maviosa.

Às Samaritanas Vilma, Zelita, Glauce, Zenaide, Bete, Giovana e Marineuza: sintam-se homenageadas e, com seus exemplos, irradiem seus fluídos às demais cunhadas incentivando-as a se agregarem, a fortalecer a causa da filantropia da Loja 12 de Março e da maçonaria Olindense.

Este é o nosso preito feito tardiamente, reconhecemos, mas oportuno. Por derradeiro, meditemos sobre a importância da mulher e roguemos ao grande Deus para que não esteja longe o dia em que prevaleça sua posição hegemônica, em favor da fraternidade e da paz universal.

Olinda, 25 de Maio de 2005.

ANTONIO LUIZ DE FRANÇA FILHO

e-mail:antoniofranca12@yahoo.com.br

ANTONIO FRANÇA
Enviado por ANTONIO FRANÇA em 28/11/2010
Reeditado em 25/08/2011
Código do texto: T2642211
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.