O famoso quem?
Estou em Gurupi, no Estado de Tocantins, desde março de 1983, e uma das coisas que mais me chamou a atenção logo que cheguei na cidade, vindo de Brasília, foi constatar o costume que se tem de criar referências para as pessoas, como se elas não tivessem identidade própria.
O curioso é que, em geral, devido a uma cultura eminentemente machista, as mulheres são as mais atingidas,-digamos assim-, por tal peculiaridade. No entanto, isso, definitivamente, não exclui de todo, o universo masculino.
Diante de tal constatação, resolvi, então, fazer um rápido levantamento de nomes agregados de algumas personalidades da chamada Capital da Amizade, como Gurupi é conhecida.
Em primeira análise, eis o que me veio à mente: Zulmira do Mercado, Goiaciara do João Cruz; Lucirene do Denes; Tonha do Manelão, Helena do Táxi, a mãe de dona Cesária, Marieta de Libânio (Libânio é o esposo da Marieta) e por aí vai...
No lado masculino encontrei: Chico da Véia, Paulo do Cocktail, Toim do Táxi, Toim Ceguim, João Bolo, Raimundinho da Funerária, Luizinho da Represa, e outros tantos que não lembro agora.
Como não poderia deixar de ser, até mesmo eu fui alvo dessa peculiaridade quando do meu primeiro emprego em Gurupi, que foi na Prefeitura. Não demorou muito para que eu ficasse conhecido pelo nome do órgão em que eu trabalhava, ou seja, Zacarias da Prefeitura.
Anos mais tarde, depois de trocar de emprego, finalmente, consegui que meu sobrenome verdadeiro caísse no domínio popular. A partir daí, confesso que senti certo alívio e, até mesmo, a experimentar uma mova sensação de glória, quando as pessoas, finalmente, começaram a me chamar pelo meu nome próprio.