O santo nome em vão
“Em nome de Jesus”, tem acontecido grande proliferação de igrejas e seitas religiosas. Diferem umas das outras por pequenos e insignificantes detalhes. Basta um pretexto para, logo, originar-se um cisma e se terem novas oportunidades de “trabalho” para os dirigentes dessas igrejas. Desses pretextos, o pior deles é o de apenas ganhar dinheiro, a vil pecúnia entronizada na ara do templo. Vende-se, sobretudo, o espetáculo da cura, numa coreografia ritualística, que culmina com o enfermo, fiel paciente, até ao estado de transe. Teatralização grosseira, sem a liturgia do rito, próxima da magia circense. Naquele tempo, Jesus derrubou o tabuleiro de moedas e chicoteou os vendilhões do templo.
Em verdade, nunca a religião para ser religião se desprendeu do rito. De modo que, desde os primórdios da cultura, muito antes de Cristo, só se concebeu religião com rito como também inúmeras religiões foram concebíveis sem Jesus. Sobre isto, o teólogo Joseph Comblin demonstra que Jesus nunca criou alguma religião, antes d’Ele elas já existiam, culturalmente surgindo quase como uma necessidade da sociedade humana. Ainda segundo Comblin, o que Jesus Cristo fez e disse está na “Boa Nova” dos evangelhos. Sem criar alguma instituição, Ele apenas pediu que o seguíssemos, na forte analogia de que Ele é o caminho. Quando o indivíduo afirma não necessitar de religião, ele a substitui por outros sentimentos e valores. Assim, criam-se religiões, divinizando-se ideais, fazendo deles o seu assunto. Ao contrário do Evangelho, nessas em que predomina a importância do dinheiro, Deus é cada vez menos assunto, fazem d’Ele palavra secundária. Em qualquer caso, a religião, mesmo as cristãs, é instrumental; a revelação de Jesus Cristo é o principal, a substância, o verbo, a palavra, o logos.
Quando o dinheiro é o principal, a pregação circula apenas em torno de vantagens pessoais, com promessas de interesse financeiro e de “milagres” em relação à saúde que a própria medicina bem poderia fazê-los sem apelar para as vias sobrenaturais. Estava num bar, conversando com um garçom, e ele me confidenciou “precisar de seiscentos reais emprestados para curar o joelho da mulher”, porque, na sua “igreja”, lhe teriam explicado: “Com quatrocentos, ela melhora. Mas, só cura com mil reais”. Tudo isso é dito, intercalando-se a jaculatória: “Em nome de Jesus”. Esses negócios ou “business”, confundido com o sagrado, ultrajam qualquer religião, mesmo essas seitas que só vivem para esse fim. O filósofo Unamuno, em Solilóquios e Conversações, afirma ser impossível separar a religião ou a política da economia. Nesse contexto, se é difícil separar a religião da economia, então não as misturem.
“Em nome de Jesus”, tem acontecido grande proliferação de igrejas e seitas religiosas. Diferem umas das outras por pequenos e insignificantes detalhes. Basta um pretexto para, logo, originar-se um cisma e se terem novas oportunidades de “trabalho” para os dirigentes dessas igrejas. Desses pretextos, o pior deles é o de apenas ganhar dinheiro, a vil pecúnia entronizada na ara do templo. Vende-se, sobretudo, o espetáculo da cura, numa coreografia ritualística, que culmina com o enfermo, fiel paciente, até ao estado de transe. Teatralização grosseira, sem a liturgia do rito, próxima da magia circense. Naquele tempo, Jesus derrubou o tabuleiro de moedas e chicoteou os vendilhões do templo.
Em verdade, nunca a religião para ser religião se desprendeu do rito. De modo que, desde os primórdios da cultura, muito antes de Cristo, só se concebeu religião com rito como também inúmeras religiões foram concebíveis sem Jesus. Sobre isto, o teólogo Joseph Comblin demonstra que Jesus nunca criou alguma religião, antes d’Ele elas já existiam, culturalmente surgindo quase como uma necessidade da sociedade humana. Ainda segundo Comblin, o que Jesus Cristo fez e disse está na “Boa Nova” dos evangelhos. Sem criar alguma instituição, Ele apenas pediu que o seguíssemos, na forte analogia de que Ele é o caminho. Quando o indivíduo afirma não necessitar de religião, ele a substitui por outros sentimentos e valores. Assim, criam-se religiões, divinizando-se ideais, fazendo deles o seu assunto. Ao contrário do Evangelho, nessas em que predomina a importância do dinheiro, Deus é cada vez menos assunto, fazem d’Ele palavra secundária. Em qualquer caso, a religião, mesmo as cristãs, é instrumental; a revelação de Jesus Cristo é o principal, a substância, o verbo, a palavra, o logos.
Quando o dinheiro é o principal, a pregação circula apenas em torno de vantagens pessoais, com promessas de interesse financeiro e de “milagres” em relação à saúde que a própria medicina bem poderia fazê-los sem apelar para as vias sobrenaturais. Estava num bar, conversando com um garçom, e ele me confidenciou “precisar de seiscentos reais emprestados para curar o joelho da mulher”, porque, na sua “igreja”, lhe teriam explicado: “Com quatrocentos, ela melhora. Mas, só cura com mil reais”. Tudo isso é dito, intercalando-se a jaculatória: “Em nome de Jesus”. Esses negócios ou “business”, confundido com o sagrado, ultrajam qualquer religião, mesmo essas seitas que só vivem para esse fim. O filósofo Unamuno, em Solilóquios e Conversações, afirma ser impossível separar a religião ou a política da economia. Nesse contexto, se é difícil separar a religião da economia, então não as misturem.