SALÃO DE BAILE
À beira da piscina o repórter narrava o treino dos nadadores, quase todos quarentões. Na verdade não eram atletas, apenas pessoas que gostavam de se exercitar e que de tempos em tempos participavam de alguma competição. Na última raia, apontou uma senhora e foi até lá para entrevistá-la. A câmera da tv se aproximou e os telespectadores puderam ver melhor. Pelos meus cálculos, ela devia ter passado dos setenta, o que imediatamente me impressionou. Comecei a imaginar, então, que desde mocinha tivesse se dedicado à natação, tendo sido até campeã em tempos idos. Que em sua casa uma vitrine exibisse inúmeras medalhas, que filhos e netos mostravam com orgulho aos amigos.
Errei. Sem sair da água, ela foi respondendo às perguntas. Idade: oitenta e dois anos! Antes, nunca fora campeã, nada disso. Aliás, nem aprendeu a nadar quando criança. Tinha inveja das amiguinhas, mas morria de medo de se afogar. Enquanto as outras mergulhavam, nadavam, brincavam e saltavam do trampolim, ela ficava babando. Mas cadê coragem?... Só conseguiu perder o medo aos setenta e cinco, quando iniciou as primeiras braçadas. Por ordem médica. Ou entrava na piscina, ou se afogaria em depressão. Optou pela primeira sugestão. Abriu um largo sorriso ao declarar que tinha sido uma das melhores decisões de sua vida. Agora, vivia para nadar. Participava de competições, era a melhor em sua categoria. E encerrou a entrevista com uma comparação interessante e bastante original:
- É maravilhoso estar nesta piscina. Olhe só que beleza! Pra mim, é como se ela fosse um salão de baile, que eu tanto gostava na juventude. Agora, é aqui o ‘meu’ salão azul. Adoro!
(*) Inspirado em reportagem que vi na tv alguns anos atrás
imagem:google
À beira da piscina o repórter narrava o treino dos nadadores, quase todos quarentões. Na verdade não eram atletas, apenas pessoas que gostavam de se exercitar e que de tempos em tempos participavam de alguma competição. Na última raia, apontou uma senhora e foi até lá para entrevistá-la. A câmera da tv se aproximou e os telespectadores puderam ver melhor. Pelos meus cálculos, ela devia ter passado dos setenta, o que imediatamente me impressionou. Comecei a imaginar, então, que desde mocinha tivesse se dedicado à natação, tendo sido até campeã em tempos idos. Que em sua casa uma vitrine exibisse inúmeras medalhas, que filhos e netos mostravam com orgulho aos amigos.
Errei. Sem sair da água, ela foi respondendo às perguntas. Idade: oitenta e dois anos! Antes, nunca fora campeã, nada disso. Aliás, nem aprendeu a nadar quando criança. Tinha inveja das amiguinhas, mas morria de medo de se afogar. Enquanto as outras mergulhavam, nadavam, brincavam e saltavam do trampolim, ela ficava babando. Mas cadê coragem?... Só conseguiu perder o medo aos setenta e cinco, quando iniciou as primeiras braçadas. Por ordem médica. Ou entrava na piscina, ou se afogaria em depressão. Optou pela primeira sugestão. Abriu um largo sorriso ao declarar que tinha sido uma das melhores decisões de sua vida. Agora, vivia para nadar. Participava de competições, era a melhor em sua categoria. E encerrou a entrevista com uma comparação interessante e bastante original:
- É maravilhoso estar nesta piscina. Olhe só que beleza! Pra mim, é como se ela fosse um salão de baile, que eu tanto gostava na juventude. Agora, é aqui o ‘meu’ salão azul. Adoro!
(*) Inspirado em reportagem que vi na tv alguns anos atrás
imagem:google