Educação violenta
Cenas de violência na televisão, notícias sangrentas no jornal, na rede o tema não é outro. Notícias de violência se tornam cada vez mais comum em nossa sociedade, mas nem isso faz com que estejamos preparados para agir em situações críticas.
Na última semana duas matérias sobre o tema me fizeram refletir sobre a necessidade de educar para a violência. Uma, os tiroteios nas ruas do Rio de Janeiro que tiveram repercussão internacional e a outra, em Salvador, onde uma equipe da Polícia Militar, em diligência num bairro da periferia, teria efetuado disparos contras traficantes da área, todavia acabaram por atingir uma criança que estava dentro de casa, se preparando para dormir.
Numa das reportagens sobre o Rio que foi ao ar num dos maiores tele-jornais do país, mostrou um grupo de crianças indo para a escola. Foi interessante notar como eles avançavam em direção à escola, abaixados, fazendo movimentos rápidos, saindo de um obstáculo que lhes oferecia proteção ( esquinas, postes, automóveis e outros ) para outro enquanto tiros eram efetuados . Será que nós saberíamos agir assim.
Na Bahia, através das imagens, foi possível notar uma janela que apresentava perfuração a bala de fora para dentro, de baixo para cima. A janela é dessas possuem tiras de madeira sobrepostas de modo a permtir ventilação. O garoto, coitado, foi atingido na cabeça, o que sugere que o menino estaria tentando observar o que se passava através das frestas da janela.
Agora há uma correria para identificar a arma e o atirador, para punir os culpados de forma exemplar. Será que isto resolve o problema? Será que o Policial foi nesta diligência para matar o garoto?
Antes é necessário educar crianças, jovens e adultos para a nossa realidade. Ao ouvir disparos temos que nos abrigar e só abandonar uma posição de abrigo quando o tiroteio estiver acabado. Saber que em campo aberto é preciso diminuir a silhueta do corpo se abaixando ou mesmo deitando no chão. Não evita, mas com certeza diminue o risco.
Conhecer como deve se proceder numa abordagem policial, e a importância de portar documento oficial de identificação com foto, minimiza a possibilidade de se envolver em averiguaçoes, além de facilitar a procura da família em caso de acidente.
Segurança é dever do Estado, direito do cidadão e responsabilidade de todos. Não é meu sonho ter que ensinar esta disciplina a meu filho, mas se isto puder ajudá-lo nesta selva que o nosso mundo vem se tornando, não pouparei esforços para que ele apenda cada linha, cada conceito.
Admiro a postura daqueles meninos cariocas, não sei se ensinada ou se puro instinto. E sinto com pesar a dor da família de Joel ( o garoto de Salvador ), alertando a quem possa interessar que já é preciso educar para violência.