MEDO
Rio de Janeiro, 25 de Novembro de 2010
Hoje senti medo. Um medo nunca antes sentido.
Medo quando o ônibus que me transportava, recebeu ordem policial para fazer retorno. Eu e os demais passageiros ficamos apavorados quando nos vimos escoltados, juntamente com mais meia dúzia de ônibus, por dois carros de polícia.
Todos queriam sair do ônibus, mas a porta não foi aberta.
Mais tarde conseguimos sair. Dois alunos esperaram-me, em vão.
Quis regressar ao sossego do lar e quase não havia meios de transporte. Muitas empresas de ônibus mandaram seus carros parar e regressar. Precisei pegar quatro conduções para conseguir chegar em casa. Não havia taxis na rua. Noite escura, por incrível que pareça, até as luzes das ruas estavam desligadas. Estava a cerca de quatro km de casa, quando peguei minha última condução: um miraculoso taxi que parou ao meu sinal. Dentro dele estavam três pessoas, desconhecidas, que tiveram a amabilidade de dividir aquele carro comigo. Todas iam para destinos diferentes do meu. Todas estavam com medo.
Hoje, esta foi a minha realidade. E amanhã?
Ana Flor do Lácio (25/11/2010)