CURIOSIDADES DO RECIFE DE ENTÃO.
Chagaspires
Morando no Rosarinho um bairro de classe média, todas às vezes que me desloco de automóvel lá para as bandas do Derby aqui em Recife eu vou pela Avenida Rui Barbosa que corta alguns bairros entre eles o da Jaqueira ,o das Graças, o da Capunga, e desemboca na praça do Entroncamento.
Neste trecho passamos pelos colégios das Damas, São Luiz e Agnes, o que causa um terrível engarrafamento nas horas de chegada e saída dos alunos.
Entre o semáforo que fica no cruzamento da Rui Barbosa com a rua Amélia, precisamente no número 806 da avenida e um pouco antes da rua das Graças, fica uma casa antiga com fachada em aspecto colonial quem tem em sua parte frontal um nome escrito que especialmente hoje me chamou a atenção.
As letras ensimesmadas dentro de um detalhe circundado por um desenho em alto relevo gritavam para todos que passam intitulando aquela casa colonial de “Vila da Felicidade”.
Já havia passado por ali centenas de vezes sem nunca perceber aquela raridade.
Hoje pude observar que aquela casa servia atualmente para um comércio de roupas femininas e que tinha o título de “Avesso”; os dois esses da palavra se encontram virados um para o outro, ou seja, um dos esses estava escrito de forma contrária justamente para justificar o título empregado ao estabelecimento comercial.
Foi ai então que minha memória me levou de volta aos idos dos anos de 1800, onde com certeza morava naquela vivenda uma família de estirpe nobre daquela época.
A avenida já existia, porém, com o nome de Estrada do Manguinho.
Pude perceber com clareza nas minhas divagações poéticas, as diligências puxadas a cavalo trafegando pelas ruas carroçáveis de então.
As festas, os antigos saraus, freqüentados pela sociedade, fervilhavam de gente com trajes de gala onde as músicas tocadas por violinos e pianos enchiam de tons melodiosos os ouvidos dos freqüentadores.
Para ter um nome tão singular, naquela casa tinha que ter havido uma intensa felicidade.
Com o passar dos anos as diligências puxadas a cavalos foram substituídas por composições ferroviárias e logo após por bondes de tração animal.
Hoje a transformação estupenda da modernidade desfigurou a paisagem bucólica tornando aquela rua em uma das principais avenidas da cidade, onde carros de última geração movidos a combustíveis desfilam por sobre uma nova composição descoberta pelo homem chamada de asfalto.
Arranha-céus imponentes tomaram conta dos espaços antes possuídos pelos sítios, causando uma poluição bem maior que os excrementos dos animais que puxavam as diligências de então.
Com toda está transformação acontecida, ainda pode se encontrar a casa colonial com os mesmo dizeres: “Vila Felicidade”.
Hoje ela causa uma felicidade diferente. Alegra as damas do momento que compram as vestimentas mais variadas e que vivem uma felicidade bem diferente e atual que é a compulsividade desenfreada de comprar o supérfluo.