Um idoso na pracinha
Caminho todas tardes no parque da minha cidade, sempre as mesmas pessoas por lá, mas uma em especial, me chama muito a
atenção.
Um senhor idoso, com a idade entre 70 a 80 anos, fica senta-
do no banco da pracinha do parque. Quando ele chega a pracinha
está vazia, em dias de vento os balanços se embalam sozinhos, as
folhas do ipê amarelo caem pelo chão da praça e ele lá sentado,o-
lhando, pensando, quem sabe relembrando.
Fico imaginando no que ele está pensando, se no que ele fez no
seu passado. Deve ter tido uma infância com campos, jardins, mui-
tas árvores para subir apanhando frutas, pracinhas, crianças brin -
cando junto com ele. Brinquedos como caminhão de madeira, bola de meia, bolas de gude, pipa, três marias, gadinho de osso,peteca, pião,
brinquedos de antigamente; brincadeiras como: passar o anel, caça
e caçador, cantigas de roda. Ele deve ficar lembrando da sua infância
distante e ao mesmo tempo tão próxima dele.
Este senhor idoso deve ficar lembrando, do seu único amor,quem
sabe de muitas paixões, ou de algum amor platônico, que ele nunca
pode tocar, muito menos falar. Deve lembrar de seus dias de traba-
lhador, de sua esposa, talvez de seus filhos ou quem sabe não teve
filhos e apenas sobrinhos, lembra que, derrepente, não foi presente
nas brincadeiras dos filhos e foi muito atuante nas brincadeiras dos
netos.
A hora vai passando e aquela pracinha vazia, começa a ficar
cheia de crianças, meninos e meninas de todas as idades, mães e
babás sentadas nos bancos da pracinha.
Eu acabo a minha caminhada e ele segue ali sentadinho,com
seu chapéu protegendo a cabeça do sol,as crianças por ali brin-
cando, gritando e ele pensando sozinho. Amanhã espero que ele
esteja lá de novo, no mesmo lugar, com todas as sua lembranças
e pensamentos.