Floriano e o coma

Floriano comprou uma moto e numa competição sofreu fratura craniana. Hoje Floriano dorme enquanto esperamos que desperte. Nunca perdi a convicção de que acordará. De que em letargia está ouvindo as canções do mundo. De que passeia com sua moto em sua vida interior pela cidade abstrata, pois há uma cidade feita de nossos sonhos, colorida por nossas almas, dentro de cada um de nós. É cidade sem dor, sem fome, sem frio, composta apenas pelo expectral carinho humano do prazer. Já sem azares, sem convulsões nem discórdias.

Penso em produzir uma canção para Floriano. Um som que ele escute para passear nesta cidade onírica com uma trilha harmoniosa. Antes mesmo que eu consiga decifrar quais notas devo utilizar ele volta a sorrir com sua risada potente, contrariando minha intenção de compositor descansado. Gosta de milonga, não sei milonga. Gosta de samba, mas não sei tocar mais samba.

Mesmo assim sei que ele contém mais de nós do que nós podemos decifrá-lo. Está chegando dezembro e chegará a hora de acordar para nos contar como foi a grande viajem pela cidade confeccionada puramente por sonhos. Os sonhos de nossos sentidos.

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Em breve

Cidade Onírica