Bonita, sensual e vagabunda

Pois é. Tem muita gente que não acredita, pensa que é invenção.

Mas é verdade. Por mais que se queira inventar, é verdade. Vinte e três anos, na época, solteira, bela, rica e culta, falando com facilidade inglês e alemão, conquistava quem queria. Parece mentira, causu, mas é a mais santa das verdades.

O encontro foi ao acaso, destes que quando menos você espera, cai de não se sabe de onde.

Chope preto, numa cervejaria famosa. Sozinho, ela também. A carinha mais angelical do mundo. Ele olha, ela também. Ele firme, ela mais ainda.

Não há como tomar atitude diversa. Pego o meu copo, vou até sua mesa.

- Permite?

- Com prazer.

- Yuri. E você?

- Sofia. Não gosto do meu nome.

- Mas é um belo nome, mocinha!

- Adorei este mocinha e o seu nome. Sem falar em você.

- Vai manso, Sofia. Tenho espelho, sei bem como estou.

- Por causa dos cabelos prateados? Ah! Eu adoro. Gente da minha idade não sabe namorar, são imaturos, não levam uma mulher ao auge.

- E quem garante que sou o que pensa?

- Seus olhos. Mulher não se engana. É o que dizem, e eu nunca me enganei.

As pernas dela estavam bem descobertas. Perfeitas e lindas, como a dona.

Tomou um longo trago. Estava enfrentando uma mulher de verdade, decidida. No decorrer da conversa, ela falou o que fazia e sabia. Ambos falaram. Dado momento, a surpresa.

- Vamos para Itacoatiara? Passar o fim de semana lá?

Itacoatiara é a mais bela praia de Niterói. Oceânica, não tem poluição, embora seja de mar forte quase todo ano. Os pais de Sofia tinham uma casa lá.

Quando está manso, sua água é deliciosa, mesmo que fria. Praia pequena, de cerca de seiscentos metros.

Pensou consigo mesmo: é doida ou pode ser doente.

Até hoje amarga a decisão. Falam-se, mas ele ficou completamente apaixonado. Ela também.

E continuam separados, ou melhor, afastados. Jamais ficaram juntos.

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 23/11/2010
Reeditado em 23/11/2010
Código do texto: T2631782
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