Com sua vida em minha vida

Trocam-se vidas em hospitais, freqüentemente berçários entregam uma vida à mãe errada, naquele momento os destinos também são invertidos, ou um carregará a carga que seria do outro? Nunca saberemos, assim como também nunca saberemos se forem trocadas as mortes entre duas pessoas, sim, a morte.

Numa UTI, uma Senhora de Preto, portando uma foice afiada, aproxima-se de dois leitos, lado a lado, ambos os enfermos avistam uma luz ao final do túnel, e se cruzam na arrancada final, Não deveriam ter se cruzado, chega ao lado de lá, aquele que aqui deveria ter ficado.

Qual vida deveria voltar a viver? Estranho renascer, destinos se renovam? A qual dos dois estava designada a sorte?

A fiel esposa escapava-lhe das mãos; o controle de seus negócios fugia de suas decisões e os alvos, que se lhe ofereciam, por outro antes era alcançado, tudo mesmo a ele teria sido predestinado?

Não se concebe um erro Divino, ainda que num hospital desarticulado, sem trocadilhos, fados são fadados, em túneis da morte, não existem encruzilhadas.

Ao contrário de erros, acertos são praticados, quando nasceram os dois, também dividiram espaço no mesmo berçário, a troca foi ali, a sina de cada um, havia sido determinada, e ao outro, supostamente passada, na hora da morte a Senhora de Preto levou a alma que deveria ser levada, apenas morrendo foi desfeita a vida vivida em sina trocada

Se o sobrevivente ,tivesse conhecimento de toda a peça, da qual fora protagonista, e olhasse com atenção ao nome escrito na pulseira que colocam nos bebês, para identificação nos hospitais, guardada como lembrança, quase apagado, teria lido o nome do outro, que a morte havia levado, com acerto.

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 23/11/2010
Reeditado em 23/11/2010
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