Acordei, Mas Não Comi...*(BVIW)

Tomei um susto quando vi a lagarta azul. Fiquei observando e pude ver o chapeleiro abrir a porta e dizer: “descobri um jeito de voltar para o país das maravilhas”. Ia pedir carona, mas notei Clarice chorando sob o tinteiro derramado. Havia perdido um conto. Chorei, e percebi que uma criaturinha pequena estava nos meus pés com um copinho tentando pegar todas as gotas. Abaixei-me e perguntei: quem é? E ela disse: “é a fada do riso”. A fada do riso recolhendo lágrimas? não disse nada. O medo tomou conta ao ver Hitler ao pé da minha cama. Ao me notar, saiu marchando e se pendurou num dos meus cabides. Pensei: o medo mora no meu guarda roupa, o riso está por baixo, esse país não é o das maravilhas e minha inspiração está chorando. Tentei sair do quarto, mas senti uma mão suave no meu ombro, era Carlos. Ele dizia: “hoje cansei de escrever. Que tal pular de pára-quedas? A atmosfera tem um incrível buraco negro”, arrepiei, mas jamais diria não a um amigo. Antes de responder vi uma formiga gigante comendo um guardanapo e limpando a boca com o bife. Fui dizer que ela estava errada, mas ela resmungou com a boca cheia: “cada um aqui é um pecado seu. Vá cuidar do seu espelho”. Eu quis chorar, mas a fadinha fazia cócegas. Ouvi uma voz dizendo: "as suas qualidades também estão aqui", pude ver, era a Sofia, tal qual no livro. Alice entrou e disse: “vim buscar o que é meu”. E continuou: “se você gosta de rosa azul, pode pegar as brancas e pintá-las”. Ao lado uma garota embriagada perguntava o tempo todo: “tem frango no meu lanche?” Alguém bate com força na porta. Era a empregada. Acordei.

- Ai Rosa, você sabe onde foi que deixei meu sonho?

E ela toda gentil: - Eu comi!