O Vício e Outras Idiotias.

Coisa mais triste é ver um viciado tentando camuflar seu vício. Sempre vejo tabagistas contumazes, quando deixam espontaneamente seus maços caírem sobre a mesa, ou um balcão, viraram-no devido ao fato de que ficaram com a parte que mostra o “horror” do vício exposta à sua visão. Como se aquilo acalentasse seus anseios, e que de alguma forma não estarão sujeitos às mazelas do vício. Pobres diabos, e quando digo isso digo a mim mesmo, pois sou igualmente um maldito viciado.

O pior vício, indubitavelmente, é o do tabaco, por ser de alguma forma, ao mesmo tempo, lírico, legal e fatal.

O cocainômano, assim como os outros, leva uma vida desgraçada. Sabe de tudo, se despedaça no dia seguinte, diante a pia, com as narinas sangrando, mas mesmo assim, passados alguns dias, volta a se achar poderoso e feliz para consumir o mal. A coca, como prescreve os peritos, é o demônio ralado. Afeta parte do cérebro que causa a sensação de satisfação e poderio, de invencibilidade e grandiloqüência, gerando um excesso dessa sensação, mas quando passa, fica o viciado sem a produção natural, necessitando conseqüentemente de mais consumo, para ter algo equiparado com sua produção biológica natural.

Um breve insumo de felicidade, eis a droga, mas que, cobra caro demais pelo prazer. Seus benefícios matematicamente não compensam os gastos despendidos.

O álcool, assim como o tabaco, é a licitude lírica do vício. Jovens principiam com ele, se achando libertos das amarras dos pais, da escola e do sistema. Perdem o controle dos fatos, vomitam e falam asneiras ao léu, para ostentar algum tipo de poderio perante fêmeas e amigos débeis.

É aí que grande parcela dos vícios se principia, nas baladas dos dezesseis.

Ah, as baladas dos dezesseis...

Dezesseis latas bebi; dezesseis garotas peguei; dezesseis tombos caí...; dezesseis vezes fui parar no pronto-socorro para tomar glicose...; dezesseis vezes fui trouxa e nem percebi...; Dezesseis vezes fui parar na delegacia e dezesseis vezes minha mãe ficou de queixo caído pelas dezesseis horríveis contrações que ela teve antes de me gerar... E dezesseis vezes fui um imbecil, dezesseis vezes me arrependi e dezesseis vezes voltei a fazer o errado...

Savok Onaitsirk, 06.11.09.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 22/11/2010
Código do texto: T2629741
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