AFOGANDO NORDESTINOS

Que lástima! Tantos avanços em busca de civilização, de refinamento de espírito, de compartilhamento de saberes e ainda há seres humanos chafurdando nos fossos de castelos medievais, junto com jacarés.

Tantos ainda aprisionados nessas noções pobres de limites, desconhecedores dos pontos de vista da Física. Tantos se apegando a estados, municípios, povoados, cidades e países. Tantos embrutecidos e sem que percebam ser a Terra um corpo, apenas um corpo no espaço magnífico do Universo do qual nem mesmo desvendamos o mínimo. Tantos brigando por um pedaço de terra, de cerca, um farrapo de bandeira. Tantos esquecidos de que somos apenas pessoas, seres, criaturas humanas, gente, moradores do mesmo lar.

Por que seriam assim amarrados, cortados, seccionados, divididos, setorizados, padronizados? Seria um reflexo de suas mentes embotadas? Um recalque? Um complexo? Por que é difícil entender que quase tudo é convenção? As leis, as religiões e tudo o mais é puro convencionalismo, acordos, acordâncias, produto de acertos que envolvem interesses.

Essa coisa de “Calem a boca, nordestinos” já está se tornando mais chata do que a veiculação de e-mails da campanha presidencial.

Quem disse que sentimos vergonha de ser nordestinos? Sentimos orgulho de haver nascido nesta parte da terra brasileira que se convencionou chamar de Nordeste. Os pontos cardeais são também convencionais e tudo poderia ser diferente. O Universo não tem norte e nem sul, nem coisa alguma da rosa dos ventos. Esta tem sentido para nós que estamos colocados neste ponto de vista, o do solo da Terra.

Faz até dó esta moça que abriu a boca de norte a sul e de leste a oeste para demonstrar sua pequenez de raciocínio. Tadinha, como se diz por aqui, nestas bandas do planeta. Isto também é uma forma de dizer, pois o planeta nem bandas tem.

De toda sorte sabemos o que a moça quis expressar e a quem desejou atingir. Tadinha outra vez, dela e de qualquer outro que pense da mesma forma.

Nós, terráqueos destas paisagens ensolaradas do Brasil e nascidos nos terrenos aos quais se convencionou nomear Sergipe, Bahia, Alagoas, etc, não temos isto, pois gostamos de todos do Brasil inteiro, da Europa inteira, de todos os continentes e ilhas. Somos amigos, minha filha. E até gostamos de você que aconselhou os paulistas a nos afogar. Jamais os paulistas fariam tal coisa e sabe por que, menina? Porque São Paulo é uma casa construída por nós. Onde seríamos afogados? Aqui em nossas praias? Vai dar um pouco de trabalho, vez que quase todos aqui são um pouco peixes. Já ouviu falar de Zé Peixe? Veja aí no Google pra não me cansar explicando.

Ô menininha sem juízo, ô menininha mal criada. Se fosse nascida por aqui, seria sua sorte. Se fosse nascida aqui teria “mais amores” _ “mulher que nasce aqui tem muito mais amor”.

Alô pessoal da CENTRAL DOS E-MAILS, pare com isto de falar do que essa criatura teve a infelicidade de pronunciar. Ela já teve seus 15 segundos de turva glória que nem “eleva e nem consola”. Faz mesmo pena uma mocinha estudar tantos anos para mandar calar a boca de seus semelhantes e sugerir o afogamento deles. Tadinha! Ainda bem que meus alunos jamais me passaram tal vergonha.

taniameneses
Enviado por taniameneses em 22/11/2010
Reeditado em 22/11/2010
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