Não existe segunda chance



Não existe segunda chance
 
Não existe segunda oportunidade quando o assunto é nosso imanente viver. Nossa vida é única, é agora, e é aqui.
 
Nascemos de uma improbabilidade altíssima, fruto aleatório da ânsia do viver. Não nascemos tábula rasa, nascemos com um cérebro estruturado com uma infinidade de ligações já efetuadas, entretanto agregamos milhões de novas ligações e desfazemos também outra enorme quantidade de ligações neuronais, alterando nosso já muito complexo cérebro. Crescemos, aprendemos, e nos transformamos, se não em nossa estrutura básica, nos transformamos como pessoas, nos atributos adjacentes ao nosso eu estrutural.
 
Ao nascer, somos fadados à morte. É uma certeza, até hoje irrefutável, que cem por cento dos que já nasceram, morreram. Fugir desta realidade? É ingênuo. Se esconder dela? Impossível. Ela com certeza virá. Ela nos espera, sem destino e sem plano traçado.
 
Quase tão aleatoriamente como nascemos, seremos deste mundo retirado. Ter medo? Por que?
 
Enquanto vivemos, a morte nada é. Mesmo depois de morrermos, ela continuará nada sendo. Pena? Apenas daqueles cuja fatalidade lhes tirou alguém que muito amavam. Estes sofrem. Eles farão do luto seu reconstruir emocional.
 
Estando eu certo que a morte é uma fatalidade irrefutável, isto nos faz passageiros de nossa vida, e devemos marcar esta viagem com construções sociais.
 
A vida é um bem imensurável e de uma improbabilidade quase absoluta. Ela é rara (mesmo que pareça o contrário), basta que olhemos a imensidão do universo e perceberemos o como ela é rara. Ela é também sublime.
 
Importa que aqui estamos e que dividimos este planeta com milhões e milhões de irmãos em espécie. A biologia deu a luz, elevando o grau de complexidade da física e da química. A vida é prolixa em nos mostrar como é valente e criativa. Resta-nos reverenciá-la em sua imanência e em sua propriedade básica de variar, de especializar-se e dar origem a milhões de infinitas espécies.
 
Já que viver nos foi permitido, a vida merece nossa atenção e cuidados. Vamos engrandece-la buscando construir uma passagem digna, onde de alguma forma possamos, sendo responsáveis por nossos atos, maximizar a dignidade humana. 

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 21/11/2010
Código do texto: T2629037
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