Vida!

A minha vida não tem sentido. O sentido atribuo eu. E volta e meia mudo, faço tudo diferente. E o sentido não consiste em tomar a decisão certa no momento certo, mas em simplesmente fazê-lo com convicção. Porque, afinal, se para mim a vida em si não tem sentido quaisquer dos rumos a tomar terminam por se tornarem todos verdadeiros, desde que eu acredite nisso. Não há nem certo e nem errado na vida, que é um fenômeno independente da vontade humana, sempre e inqüestionavelmente impotente para criá-la do nada. A vida precede a consciência, o erro e o acerto, ainda mais porque estes últimos nada mais são do que conceitos, convenções, imposições. Não são essenciais ao ato simples e puro de viver. Estar vivo não depende da minha vontade, nem da de ninguém em especial. Isso leva multidões a acreditar, ainda que inconscientemente, que o que não se pode controlar nem compreender lhes seja devedor de algum desígnio superior. Tolo egocentrismo. É que é insuportável ao ser humano saber que justamente o fato mais importante que é estar vivo em vez de morto não pode ser posto sob controle algum. Os que não são capazes de ver que a vida não tem sentido estão cegos e aqueles que não conseguem atribuí-lo vivem vidas de outros, pois ainda não sabem quem realmente são.

Lili Maciel
Enviado por Lili Maciel em 21/11/2010
Reeditado em 21/11/2010
Código do texto: T2628493