Meninas Magrebinas!

Meninas Magrebinas! Fico espantado com o que me propus a escrever. Este era para ser uma poesia á vida das meninas do Magrebe, poderia vir a ser uma prosa literária, mas acaba por ser um grito á dignidade humana e direitos convencionados por valores humanos. O que assisti nesta abordagem ultrapassa em muito o aceitável e digno de uma sociedade em evolução. As meninas das aldeias do interior de Marrocos são matéria negociável e de enriquecimento patrimonial. Os rostos destas meninas espelham a esperança em algo que não conhecem e nunca virão a constatar em suas vidas, apenas com doze ou treze anos são negociadas como se discute o preço de um lote de peixe ou um rebanho a ser mudado de proprietário só que no caso quem vai mudar de propriedade é uma filha que cresceu na esperança de vir a ser um bem rentável neste hediondo ciclo de vida. Vi rostinhos de meninas que em suas costas carregavam uma trouxa que deveria ser, em circunstâncias normais, um bonequinho de faz de conta mas era seu filho bem real, meninas que não sabem o A E I O U mas aprenderam a lavar louça e fritar testículos de carneiro, meninas que não brincaram ás barbies e cozinhas de faz de conta, mas tiveram que aprender a dividir um leito conjugal. Um chefe de aldeia apresentou uma menina cujos dentes de leite breve teriam caído e que, no seu entender, estaria apta a dentro de um ano a ser negociada para o matrimónio. Claro que entendo que a sociedade civil nada faça ou poderá fazer visto por defeito ou ausência de participação estas situações passem ao lado do sistema, ou dos direitos humanos. São as meninas magrebinas, cuja esperança de futuro passa por seus maridos, as tratarem sem violência física, se assim for será um bom marido, ou por vir a ter muitas filhas que lhes trará uma condição financeira desafogada ao virem a receber os dotes por inerência da circunstância. Muito fica por transcrever, como é óbvio, mas faltam-me as frases e o sentido de escrita. Fica o que escrevo como grito de revolta pelo que se não faz e se não sabe. ( Em honra das meninas sem meninice.)