Aline

Meu primeiro amor se chamava Aline. Que lindos eram os olhos de Aline. Quão longos os seus cabelos. Tão belo o seu caminhar. Tão incrivelmente suave a sua voz. Tão doce o seu perfume. Aline. Por ela, rabiscava os cadernos com o meu nome e o seu envoltos em um coração transpassado pela flecha do cupido. Aline me fazia suspirar. Aline me fazia sonhar. Sonhos de valsa, algodão doce e maças do amor. Meu coração batia mais forte quando ela chegava perto e quase parava quando ela falava comigo com aquela sua voz que, não sei se já disse, era incrivelmente suave. Aline era a minha namorada secreta. Era um amor sem beijo, nem abraço. Quando muito, era um amor de roubar uma rosa e deixar em sua mesa. Que fantástico era ver Aline sorrindo o seu sorriso mais lindo, seu rosto iluminado com a singeleza de uma flor, que ganhava muito mais beleza nas mãos de Aline. Alguns vários anos separavam minha idade da de Aline, afinal, ela era a minha professora na 2ª série. Eu, uma criança de sete anos, apaixonado.

Mas, Aline foi apenas o primeiro amor. Muitas outras Alines me flecharam. Alines que se chamavam realmente Aline e Alines que tinham outros nomes mas que, igualmente, me fizeram suspirar. Agir como bobo. Atar o tope do caderço. Ajeitar a camisa dentro da calça. Entalhar "eu te amo" em árvores, usando de uma faca de mesa ou nas calçadas com pedaços de tijolo. Banhar-me de perfume. Despetalar flores (bem-me-quer, mal-me-quer..). Ou juntar moedas para comprar bombons. Amores de criança? É certo que sim. No Dia das Crianças, lembrei de amores infantis e outras ingenuidades. E da necessidade das crianças serem crianças. Da necessidade que todos temos de lutar por um mundo que, preserve a inocência das crianças, as resguarde de todo o mal e as cerque de amor. De lutar para que as crianças de hoje tenham uma infância sempre, sempre melhor que a que tivemos.

Márcio Brasil
Enviado por Márcio Brasil em 12/10/2006
Reeditado em 12/10/2006
Código do texto: T262517
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