Futebol para mulheres
Texto escrito em Junho/2006
Em 1982 eu vi meu mundo ser destruído por um italiano. Eu era apaixonada por futebol, torcia para o Flamengo (torço ainda, torço ainda), discutia em rodas masculinas de igual para igual (em alguns momentos temia cuspir e coçar as partes íntimas em uma discussão mais acalorada!), era fã do Zico e passei uma semana chorando aquela derrota de 3 x 2 para a Itália. Maldito Paulo Rossi, a quem odiei por anos, desejei sua morte bem lenta e dolorosa. E então, naquele momento, eu decidi que não torceria mais por porcaria de time nenhum. Muito menos pelo Brasil.
Mas... o tempo passou. Eu já não chorei em 1986, nem assisti à copa de 1990 e não vibrei em 1994. Só que lá dentro de mim, alguma coisa gritava, me dizia que meu novo ídolo (Romário) era o melhor do mundo e faria a diferença no futebol brasileiro. Ledo engano. Após a trágica derrota de 1998, com a venda da vitória para a França que estava em crise econômica, mais uma decepção: Felipão NãO leva Romário para a copa de 2002. E sabe o que aconteceu? O Brasil foi campeão SEM Romário. Naquele momento eu cheguei à conclusão que não entendo nada de futebol mesmo... e que aquela propaganda maravilhosa da VIVO onde a mulher chama os jogadores de "o fortão" e "o das pernas bonitas" reflete bem o papel da mulher no futebol totalmente masculino. Bem, pelo menos eu sei porque "os de amarelo" mudaram de lado no campo!!!
Hoje eu estou aqui, assistindo a todos os jogos, mesmo os que não são do Brasil, acompanhando com toda a vibração que me era peculiar em 1982, mas com uma certeza: Não tenho ídolos (ah, tenho sim: o Felipão, que não levou o Romário e ganhou a copa!!!), sei que o Ronaldo, o Fofômeno está gordo e pesado, mas provavelmente vale o quanto pesa, que Ronaldinho está numa posição que não devia ser a dele, que Adriano tem pernas lindas, mesmo fazendo gols impedidos, que Kaká, tem um rostinho de anjo e cobre esse rostinho todas as vezes que está na barreira de uma cobrança de falta, que São Dida é um goleirão (literalmente falando) e que Parreira vai continuar com seu joguinho retrancado que fez do Brasil o tetra em 1994, e talvez faça agora também.
é isso...vamos nós torcendo pelo Brasil e contra a Argentina, esperando que a França apanhe por tudo o que nos fez passar em 86 e 98, e torcendo mesmo, de verdade, para que não tenhamos um país inteiro sofrendo pela saída da nossa seleção da copa do mundo.
Avante Parreira, avante seleção, avante Brasil!