O QUE É ISSO, DEUS? O QUE É ISSO, CRIADOR?!

POR QUE ISSO, DEUS? O QUE É ISSO, CRIADOR...

Deus nos legou a vida, essa aventura maravilhosa, a natureza exuberante, o sol, as estrelas, as florestas, o mar, para delas usufruirmos ao bel-prazer. Em contrapartida nos outorgou a missão de percorrer a estrada da vida em linha reta, intercalada por aclive, declive, curvas, bifurcação e retorno.

Pontuou esse percurso com toda sorte de óbices para mensurar nossa capacidade de enfrentá-los e superá-los, com a faculdade, inclusive, de desiludidos pararmos no acostamento do desencanto "niilista passivo" (Shopenhauer). Foi essa missão que ele incumbiu à nossa família, recentemente, ao enfrentarmos duas situações de doença ao mesmo tempo.

Faz poucos dias fomos abalados pela partida de nossa mãe, D. Severina de França, por esta ter chegado ao término da viagem por tempo determinado estabelecido por Deus. Ela era a baluarte da harmonia e líder natural da família; sua pessoa impunha alto grau de respeitabilidade entre os filhos e netos, eivada de muito amor... Estávamos ainda entorpecidos por essa perda, tentando nos acostumar com a sua ausência e adotar um novo modo de viver.

E o grande criador já nos submete à nova provação com o enfrentamento da enfermidade de nossa irmã Nilda, ora internada no hospital Esperança para se submeter a cirurgia de altíssimo risco; o próprio nome do hospital nos enche da esperança da transposição de mais esse desafio.

Senhor Deus achais existir de nossa parte reserva de energia, resignação e espírito de resistência para superarmos mais essa frente? Criador, o que fizemos de errado para merecermos de vossa parte mais esse enfrentamento, dado em paralelo ao internamento de nossa mãe...“Será que o sr. se zangou” com algo feito de errado por nós outros, fora dos padrões de defeitos e fraquezas humanas? Durante nossa existência o que mais fizemos foi, liderados por nossa mãe, enfrentar desafios e tentar superá-los.

Estávamos ainda a fazer o rescaldo do incêndio moral de sua perda e já estais a nos cumular com nova tarefa, de difícil cumprimento; o que pretendeis ainda de nós? Não vos satisfazeis as dificuldades vivenciada pela família ao longo de nossas vidas? Ou estais a pretender a purgação e a purificação, aqui na terra, de todos os pecados por nós praticados? Com a possibilidade da perda de mais um ente querido?! As nossas fraquezas, perplexidades e as limitações humanas não nos permitem entender o que está a ocorrer. O porquê de mais esse duro encargo...

Ao longo do tempo aparamos arestas, fizemos a intriga do bem e vós nos impõem mais essa vicissitude? Grande arquiteto do universo tendes piedade de nós, pecadores, nos encheis de forças e ajudai nossa irmã Nilda a atravessar mais esse rubicão. Pergunto-vos novamente: haverá outra perda, criador? Salvai nossa irmã, dai-lhe a dádiva de viver mais um longo período conosco, pois estareis a alegrar a todos nós e ao espírito de nossa mãe, á espreita lá no infinito.

Não desfalqueis ainda mais o nosso esquadrão familiar, pois estamos a disputar o jogo da vida há algum tempo na desvantagem de menos jogadores. Seja feita a vossa vontade... Para nossa alegria nossa irmã submeteu-se à cirurgia de altíssimo risco, repito, com feliz resultado. Estava a se recuperar gradativamente e poucos dias depois de escrevermos essa crônica a recebemos de volta com alegria, se fazendo atual aquela afirmação feita alhures como premonição:

“AOS PRANTOS SUCEDE O RISO. AO PESAR O JÚBILO. ÀS PRECES DE AFLIÇÃO AS AÇÕES DE GRAÇAS.” Amem.

Recife, 22 DE MAIO DE 2010 - ANTONIO LUIZ DE FRANÇA FILHO- advogado, aposentado da Celpe.

ANTONIO FRANÇA
Enviado por ANTONIO FRANÇA em 19/11/2010
Reeditado em 21/01/2018
Código do texto: T2624773
Classificação de conteúdo: seguro