A MAÇONARIA E A MINHA AVÓ

A MAÇONARIA E A MINHA AVÓ

Toda criança possui um aguçado sentido de valores e tende a super dimensionar as coisas que giram em torno de seu mundo. Chegada à idade adulta, porém, os fatos e objetos assumem o seu verdadeiro panorama. Então se apercebe e se frustra; a realidade se descortina ao se decepcionar por ver tudo aquilo perder o encanto.

Para fortalecer o alegado lembro do quanto me enlevava a versão mística e aterrorizante que minha avó fazia dos fatos e acontecimentos de seu tempo. Na sua ótica as coisas assumiam características de uma época eivada de intimidações e preconceitos.

Mas do que nunca suas histórias revelavam os traços herdados de seus antepassados, a extasiar a nós seus netos. Entre aquelas uma se destacava sobremaneira: à que enfocava a figura do maçom e, em especial, da maçonaria. Para ela a maçonaria era uma entidade fechada, cheia de mistério; quem os desvendasse, os não iniciados, lógico, seriam punidos exemplarmente. As mulheres, ”por não saberem guardar segredo”, estavam terminantemente proibidas de freqüentá-la.

E, assim, ela ia discorrendo sobre outras histórias que a distância do tempo não me permite recordar.

Naquela idade me conflitava por não entender tudo aquilo e me perguntava se a maçonaria seria de fato detentora de todos aqueles mistérios. O tempo foi passando e um dia li, por acaso, no dicionário o significado desta entidade:

“sociedade parcialmente secreta que tem por objetivo praticar a filantropia, e pugna pela fiel aplicação da trilogia: liberdade, igualdade e fraternidade.

Tivera participação relevante nos diversos movimentos cívicos da história do Brasil; a independência fora uma delas. E o tempo continuando a passar... Aqui e ali ouvia menção a sociedade maçônica e me indagava se algum dia teria a oportunidade de conhecê-la em toda a sua plenitude.

Até que a ocasião finalmente surgiu; aqui cheguei pela indicação do meu padrinho maçônico Wladimir Calado; foi quando todos esses fatos vieram á lembrança. Hoje conhecendo o dia-a-dia da maçonaria, em especial o da Loja 12 de março de 1537, me dou conta de tudo aquilo que a minha avó falava, descontando os exageros naturais...

Decorridos tantos anos, (seu começo no Brasil remonta ao século XVIII), só agora a sociedade maçônica está se abrindo para o mundo profano, resguardando, lógico, sua ritualística, preservada para evitar que inescrupulosos, conhecendo-a, use-a de forma indevida para comprometer o nome dessa entidade, tradicionalmente respeitada.

Assim, paulatinamente, nossas portas têm dado acesso cada vez mais a um número crescente de profanos, que nos momentos de sessão magna adentram nossos templos desfazendo, assim, a imagem prevalente ao mostrar uma maçonaria voltada para as atividades em benefício da coletividade mundana e, principalmente, daquela mais carente.

Fazemos votos que assim continue, pois essa abertura propiciará o surgimento de novos irmãos arrebanhados a partir do conhecimento e esclarecimento hauridos nessas Lojas, a desmistificar e a desmitificar o (pré) conceito reinante para o bem da maçonaria brasileira.

▲ANTONIO LUIZ DE FRANÇA FILHO▲CIM 191.699 antoniofranca12@yahoo.com.br

ANTONIO FRANÇA
Enviado por ANTONIO FRANÇA em 19/11/2010
Reeditado em 02/02/2016
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