SETE OLHARES

Havia uma criança brincando no meio da rua do centro de Sampa.

Fiquei com vontade de levar ela para algum lugar seguro, pois já era tarde da noite e não havia nenhum adulto por perto naquela rua perigosa.

Por um momento, pensei que ela estava perdida, mas ela brincava de carrinho, parecia à vontade na porta de uma casa antiga da Rua do Carmo, e logo percebi, que ela deveria ser filha de alguém que não se preocupava com uma criança sozinha brincando na rua no meio da noite.

Eu me importava, mas também sabia que não poderia fazer nada.

Mantive distância, quis perguntá-la " onde morava?" ou "cadê seus pais", mas ela tinha a idade de criança que nem sabe responder pergunta. Daí, apenas pedi ao Anjo da Guarda das crianças-filhas-de-pais-desnaturados que a protegesse de gente esquisita e a guardasse principalmente do descaso dos seus pais ausentes ou qualquer parente sem consciência que a alma em corpo de criança deve ser guardada, se não a sete chaves, pelo menos, a sete olhares.