ENTRE O AZUL E O VERDE

A águia revolve as asas por dentro do cinza nublado do céu.
Cansada, observa as longínquas nuvens que seu revoar jamais irá alcançar.
Silenciosamente chora, pelos azuis que já não mais existem.
Azuis do firmamento, onde no ozônio contaminado já não ecoa o seu piar.
Tonta diante de tamanha aridez, da amplidão desse universo esquecido, suplica ao Pai que sua jornada encontre o azul celeste, dantes desenhado em telas e cantado em versos.
A desilusão, o fracasso de tanto esforço para visualizar seu azul já não importa muito, só dói verdadeiramente saber que homens destruíram a essência de seu habitat, exterminaram seu azul, em poluição.
Sua jornada surpreende-o com o vento e um clarão de luz que beijam o horizonte, são as águas que já vêem para lavar as nuvens poluídas suspensas no ar, gotas de lágrimas que seu desgosto chora por esse amor que não quer morrer...amplidão do azul da verdade, serenidade e harmonia, que ajuda a acalmar a mente, que faz aumentar o nível de felicidade.
Mergulha na vastidão para que o momento eternize seu vôo...
Seus olhos, que só vêem a beleza das cores, vê o ouro verde da floresta amazônica turvo...Deus! Sua floresta tropical pode se tornar uma dispnéia, sofrendo com a ação destruidora do homem. O pulmão do mundo ficou doente...
Seu vôo visualiza animais sem horizontes libertos. Eles não sabem nem sonham que ali a vida se parte em irrecuperáveis pedaços de verde.
À sombra esmaecida vão esvoaçando pássaros e borboletas num sincronismo dolente! Voejam atraídas pelas frestas de luz que permeiam os galhos nus, vão procurando calar suas dores na dor de outros irmãos.
Corações feridos...alçam seus vôos assim...O azul e o verde doentes, estão agora ali ao alcance de seus olhos...
Tudo caído por terra...
Abrindo suas asas para o vôo de Ícaro e queimando seus dissabores na recém clareia aberta, mergulha seu derradeiro vôo ao inferno de Java.
Moly
Enviado por Moly em 18/11/2010
Reeditado em 24/10/2019
Código do texto: T2623437
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