Crime só pela imprensa escrita

Não faz muito se reuniram para debater se a imprensa haveria de exercer uma certa condição de estímulo para os fracassos humanos. Foi em Porto Alegre e parece-me que era mais abrangente, tratando-se de meios de comunicação em geral. Esse tipo de assunto logo desaparece por razões óbvias. Penso que os casos de grande complexidade ou mesmo de simples barbárie deveriam ser veiculados apenas em ambientes onde fosse empregada a língua escrita. Poderá parecer absurdo, todavia as razões se definem. Primeiro porque deixam de virar show fácil e sem raciocínio por impactante ao telespectador. Segundo porque longe do espetáculo de horrores a ação investigadora ganharia o não aviso fácil aos culpados. São dois ítens de grande relevância que haverão de pacificar a vida subjetiva do homem atribulado pelas informações rápidas, sem tempo de reflexão sólida. Fascinoras não teriam tempo de ler para saber que direção tomar após a maldade pratidada. Sofreriam uma guerra psicológica devido a desorientação. Na verdade isto nada tem a ver com censura, mas sim com estratégia.

Após o período de tirania do jogo das forças políticas muita sequela ficou no receio do policiamento da informação coletiva. Qualquer ação tem ares de cerceamento. Tal medida fortaleceria a imprensa e motivaria a educação, pois o texto escrito tem grande vantagem sobre a reflexão dos danos e a solução dos fatos. Samuel Wainer se fosse vivo provavelmente me abraçaria calorosamente.

A imagem viva dos fatos cria uma força de heroísmo negativo para vulgarização das ações criminosas. A televisão ganharia mais espaço para o foco das políticas sociais e não perderia tempo com a manifestação brutal dos seus efeitos enquanto ambiente televisivo. Hoje a televisão especula o circo máximo das atrocidades com grande audiência irrefletida. Dá pena.

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