A magia das palavras

Desde onde minha memória alcança, sempre gostei das palavras.

Creio que gostar, não represente o que sinto, ao apreciar uma palavra, que acaba por me seduzir.

Por amar a leitura, e fazer dela, minha companhia preferida, leio com muita rapidez. Mas, é comum me deter em uma frase, em que uma palavra me chamou mais atenção.

Fico ali como que aprisionada, olhos fixos nela. Assim como a serpente, hipnotiza o pássaro, me sinto assim, hipnotizada pela força que elas exercem sobre mim.

Ler me acalma, me distrai, me anima, me enche de idéias, me faz sonhar, me emociona, me enriquece, me acrescenta, me alimenta.

Existem palavras que desde meu tempo de menina, me fascinam, as vezes pergunto as pessoas: você gosta das palavras? E a maioria das vezes, elas, me olham com espanto. Tenho a impressão, que nunca pensaram sobre isso.

Desde criança, me lembro que tinha uma curiosidade aguçada, em volta das palavras.

Meu avô, fazia uso de algumas que hoje, já quase nem ouço mais, entraram em desuso, parece que para as palavras, também existe moda, época.

Uma palavra que meu avô usava e eu adorava pelo som, ou sei lá, porque, era, "Fuzarca".

Lembro-me, dele chamando minha avó, e dizendo: "Carmela, venha olhar essas crianças, que, estão fazendo a maior "Fuzarca".

Ou então ele dizia: Carmela, venha ver só que "Banzé" eles aprontaram por aqui.

Adorava escutar essas palavras, achava divertida, diferente.

Minha avó, também tinha algumas, que hoje quase não ouço mais.

Quando falava, sobre uma de suas filhas, ela sempre dizia: Ela é muito "prestimosa".

E por vezes, referindo-se a alguém conhecido falava: Fulano é muito "saliente".

Hoje, essas palavras, como tantas outras, cairam em desuso.

Penso que as palavras, são como a gente, tem seu auge, depois envelhecem, e passam...

Assim, como essas, outras palavras, sempre me despertaram a curiosidade, colecionava muitas delas, como minhas preferidas.

Lembro-me, de quando ganhei um dicionário, fiquei fascinada, tenho-o até hoje, é pesado de capa dura e preta.

Achava-o encantado, pois, estava quase tudo ali, um Universo de palavras.

Não sei explicar, de onde vem esse fascínio, mas, sei dizer que ele me acompanha desde os verdes anos. E hoje, já na madureza da vida, muitos gostos mudaram, mas, esse amor pelas palavras, só fez aumentar.

E, agora, acho até, que posso ficar agrupando-as, e com isso formando textos, que tenho a coragem, e a pretensão de chamar de crônicas.

Até onde chegou minha admiração por elas.

Lenapena
Enviado por Lenapena em 18/11/2010
Reeditado em 18/11/2010
Código do texto: T2622373