Mocinha Normalista
Já formada, ainda menor de idade, foi lecionar numa escolinha católica perto de casa. Alunos de Admissão ao Ginásio, quase da mesma idade da professora. Interação perfeita. A linguagem do corpo docente, (ela era a única professora desse corpo), e do corpo discente era a mesma.
Corria tudo às mil maravilhas, porém um belo dia houve um tumulto e disque disque do lado de fora da sala de aula. Os funcionários ficaram sabendo da visita do bispo da diocese para o dia seguinte. Faxina e arrumação geral para o bispo ver.
Chegando a casa ela conta aos seus pais que iria conhecer o bispo. Aí começou a encrenca!
- Você tem que beijar a mão do bispo.
- Não! Não é a mão que se beija, é o anel!
- Não estou a fim de beijar a mão de bispo nenhum.....
- Você tem que beijar senão ele vai pensar que você não é católica.
No dia seguinte, depois de uma noite em claro pela obrigação imposta pela fé, lá foi ela dar suas aulas, preocupada com o bispo. Enquanto escrevia na lousa notava o quanto sua mão ficava coberta pela poeira do giz, como sempre, mas nunca precisava delas limpas para pegar na mão de bispo.
Uma mão com giz e cheia de poeira, na outra o apagador, ambas cruzadas displicentemente na frente da barriga e lá vem entrando o bispo na sala de aula. Única reação possível foi ficar estática, com um sorriso amarelo ouvindo a autoridade fazer gracejos a respeito de sua pouca idade, cumprimentar os alunos e ir embora.
Nesse dia ela agradeceu aos céus nunca ter ensinado aos alunos qual a maneira correta ao se deparar frente a frente com um bispo. Teria sido um péssimo exemplo não cumprindo o que ensinou.