ATÉ QUE PODE DAR UM BOM CALDO...



Não posso, não quero e não devo me apaixonar, pensava Laura. Todas as vezes que me apaixonei sofri muito. Cheguei à conclusão que paixão é coisa ruim.
Nesse firme propósito ela saiu para comprar terra para suas plantas. Queria aproveitar o feriado do dia seguinte para fazer jardinagem.
Não tinha a mínima idéia do que ia lhe acontecer.
Foi ao supermercado e comprou os pacotes de terra e duas dúzias de laranjas.
Quando estava quase chegando em casa o saco arrebentou e as laranjas se espalharam pela rua, correndo desordenadas, uma para cada lado, como crianças soltas no recreio.
Algumas opções lhe ocorreram: dizer um palavrão, deixar as laranjas atravessarem a rua e irem até onde bem entendessem e fingir que não eram suas, ou pegar as pontas da saia e fazer uma espécie de bolsa, como fazia quando era criança e recolhia as goiabas da casa da vizinha. Esta última opção faria sucesso, quando aquele par de belas pernas fosse exposto ao olhar público, em plena avenida.
A opção que ela não pensou foi a que lhe salvou. Um jovem moreno, do tipo atlético e olhar sério, se aproximou para ajudá-la.
- Tenho a mochila, com a roupa de ginástica, posso perfeitamente emprestá-la a você.
Começaram a recolher as laranjas e colocá-las na mochila.
- Para onde vão as laranjas e a dona delas?
- Para minha casa que fica logo ali, à direita. Os dois saíram caminhando.
- Você mora há muito tempo aqui? Nunca a vi antes.
- Moro aqui há 20 anos. Você devia ser um menininho, quando me mudei pra cá. Eu estava recém casada, ela frisou.
Ele não gostou do sorriso que ela deu, mostrando a diferença de idade entre eles dois.
- É, mas agora somos dois adultos: um homem e uma mulher.
Chegaram à casa dela. Ela o convidou para entrar e tomar um suco, obviamente de laranja, mas ele recusou, agradecido. Tenho que dar uma aula, agora, e já estou atrasado – desculpou-se.
À noite Laura estava deitada e começou a pensar naquele rapaz que quase poderia ser seu filho e chegou à conclusão de que ele havia mexido com ela.
Sentiu vontade de abraçá-lo, acariciá-lo ,beijar aquela boca carnuda e fazer amor com ele.
Que loucura – pensou – eu não posso pensar nisso. Ele é muito jovem.
Dentro do seu cérebro, no entanto, um diabinho começou a provocá-la.
O que tem a ver a idade e a cama? Quem disse que há uma idade propícia para fazer amor?
Mas e a minha filha, o que vai dizer?
Ela não tem nada com a sua vida. Ela, por acaso, fica em casa lhe fazendo companhia, agora que você está divorciada?
Não, mas ela tem a vida dela pra viver, poxa!
E você tem a sua, ora bolas!
Brigando com os seus pensamentos ela dormiu e sonhou com ele, um sonho erótico.
No dia seguinte começou a imaginar uma maneira de encontrar o jovem, cujo nome nem sabia.
Conversou com Amália, sua amiga e confidente.
Amália, que era uma pessoa muito prática e positiva, aconselhou-a a começar a fazer ginástica na academia onde ele era professor.
Mas eu nem sei em que academia ele trabalha!
Ora, minha amiga, isso é a coisa mais fácil de saber. Deixa que eu faço a pesquisa. Vou perguntar à minha filha que conhece Deus e o mundo.
Positivamente, em pouco tempo, ela descobriu onde trabalhava o rapaz moreno, alto e de olhar sério.
Laura se matriculou e começou a freqüentar a academia.
Ainda não conquistou o professor, mas melhorou o corpo e a mente e já admite que pode haver alguma coisa entre eles. Não sabe se será uma relação passageira, um amor intenso, uma noite agradável ou apenas um suco de laranja com uma mulher madura e um doce jovem, ainda amadurecendo.


edina bravo
Enviado por edina bravo em 17/11/2010
Reeditado em 29/05/2013
Código do texto: T2621090
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