Autoconhecimento.
Conheço-me quando percebo que não me conheço tanto assim, quando me descubro em um novo estado ou quando avalio de outra forma o passado.
Conheço-me quando autentico gestos ousados ou quando já não me identifico com passos dados, nem com versos nos quais não vejo graça ou nexo.
Conheço-me na penitência dos erros de ontem, na esperança do amanhã e na aceitação de hoje.
Continuo o autoconhecimento quando me abraço inteira: pétala e espinho.
Conheço-me na perturbação que me assalta ao descobrir que a vida a pele afaga, mas também a carne rasga.
Conheço-me quando me assusto pela distância percorrida e quando me canso antes da partida.
Conheço-me quando a minha face contrai-se diante de outra vontade tão legítima quanto a minha.
Conheço-me quando tento entender a realidade sem perder de vista a fé que me sustenta.
Conheço-me quando descubro em mim razão e era tão mais fácil acreditar ser apenas emoção.
Conheço-me quando me refaço a cada dia, integrando uma informação nova ou alcançando um ponto de vista diferente.
Por fim, conheço-me quando me rendo a um carinho, quando namoro o mar, quando cultivo uma flor e, principalmente, quando sei que o processo não termina aqui.