A Briga pelo Quinhão
Passadas as eleições, vê-se agora um briga ferrenha por cargos, tanto na esfera estadual quanto federal. Essa corrida por cada fatia do bolo lembra-nos aquele dito popular: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”. Pelo número de pretendentes, fica fácil deduzir que vai faltar farinha para o pirão. Durante a campanha, os candidatos oferecem mais do que o seu celeiro pode comportar, em busca de apoio das mais diversas correntes partidárias, que agora cobram o seu quinhão. Aquilo que politicamente parecia possível, matematicamente se tornou impossível. Vai faltar tampa para todas as garrafas. E sem as tampas elas terão de ficar vazias. Não é possível enchê-las, deixando-as abertas. Seria um evidente desperdício ou um incentivo à corrupção. Já se arromba a porta para furtar o que está dentro de casa, imaginem já estando aberta.
Costura-se daqui, costura-se dali, e a colcha vai ficando com tantos retalhos que nem o mapa do Brasil vai caber todas as cores. Só um grande aquarelista saberá usar a sua técnica para pintar essa complicada tela. Não há espaço para tantas cores.
Resta pouco mais de um mês para se fazer a mistura da tinta para compor o quadro. E o Natal, que representa o tempo de paz e harmonia entre os homens, na festa de confraternização em louvor Àquele que deixou a grande mensagem “Amai-vos uns aos outros”, pode ser um período de discórdia entre os que não lograram o seu quinhão, sua fatia do bolo, a farinha para seu pirão, nem tinta ou pincel para a sua aquarela. Nenhum político vai poder imitar Cristo que, por milagre, fez a multiplicação dos pães e peixes.
E a briga vai continuar...