Magoas
Ao longo da vida percebe-se que as magoas silenciosas ocupam espaços vazios nos corações das pessoas e deixam sequelas irreparáveis, pois elas se manifestam de diversas maneiras, às vezes de modo tão sutil que o ser humano acaba nem se dando conta.
Vejamos por que.
Bem, ao passo que são acumuladas as magoas, também se acumulam perguntas sem respostas, cobranças, incertezas, tristezas, rancores e até mesmo auto piedade. São emoções que se desencadeiam muitas das vezes em desafetos, falta de perdão.Então, penso que tudo na vida procura algum lugar para ficar e quando encontra e se instala, acaba ficando até chegar o tempo de ir embora.É o caso das magoas.
As magoas acabam deixando marcas no coração, causadas por lesões afetivas, por ressentimentos insuperados, uma vez que se formos refletir, veremos que quando há ressentimentos é porque a magoa é sentida muitas vezes, trazendo transtornos à vida principalmente quando se agasalha na alma.
Tudo na vida tem suas manifestações e as magoas podem ser manifestadas por doenças, por situações que agridem o organismo, a alma, através da dimensão em que se alastra.
Então, fica o questionamento:Será que vale a pena?
Cultivar magoas acrescenta em que pra o bem comum? Nem ao mesmo o corpo agradece, quanto mais o espírito. Assim, seria oportuno que se refletisse sobre o que nos deixa de bem com a vida e o que possivelmente abrevia nossos dias.
Sabe-se que perdoar não é tarefa fácil, talvez só Deus perdoe, de fato, mas fazer das contrariedades um cobertor pras lembranças, um abraço de pensamentos constantes, é pura tolice, nada inteligente.
Quantas vezes somos agredidos com palavras e pensamentos humanos?!Daí, fazer acúmulo das ofensas em nosso interior, penso que não seja o caminho.É preferível que reaja com palavras ou com silencio, dependendo da situação, de que ficar se amargurando e construindo uma teia de células dolosas na alma.
Sinceramente, quem me conhece sabe bem, que minha magoa não dura mais que uma hora, porque a expulso na chegada, antes que ela se instale em meu coração.Por isso prefiro uma raiva, a um desgosto, porque o desgosto dói mais e pode demorar a sair.
Agora, reflitamos juntos: quando alguém pensa que faz mal a outra pessoa, é a ela mesma que está fazendo, porque somos cobrados por tudo que fazemos ou deixamos de fazer um dia e o mundo é redondo, acaba voltando de alguma maneira. Assim, melhor cultivar leveza no espírito que se torturar depois, sem conseguir se perdoar pelos danos causados.
As vezes, o ser humano passa a idéia de que gosta de se escravizar, ou que se acostuma a mediocridade de encarar seus problemas de frente, vestindo a magoa de falso amor próprio, de orgulho ou arrogância, quando na verdade, não passa de um ser fragilizado que precisa de ajuda, de amizade, e de perceber que o mundo não vai parar só porque ele ficou magoado com alguém.
A depressão a exemplo, é uma doença que tem a magoa como forte aliada. A falta de amor, de abertura e aceitação também são ícones que dão brechas para este desconforto. Então, o que fazer diante das magoas?
Não sou especialista no assunto, apenas uma pedagoga, mas penso que o primeiro passo é ter cuidado pra que as magoas não virem ressentimentos, ou seja, sentimentos que se repetem amargamente, haja vista a probabilidade a manchar o coração, deformar a alma e estreitar a vida, porque as magas se tornam silenciosas e passam a falar através das atitudes, de indiferença, desequilíbrio emocional, ofensas e até mesmo através de olhares gritantes, com gigantescas insatisfações.
É fácil amar quem nos quer bem, quem nos proporciona momentos felizes e nos aceita do jeito que somos, difícil é olhar nos olhos de quem nos machuca e está disposto a estender a mão, a conviver com pessoas que só esperam um pequeno deslize pra nos puxar o tapete.No entanto, o desafio está aí, em ser maior que isso, a ter sabedoria pra agir com prudência, sem dar espaço as lesões afetivas.
Portanto, seja na família, no ambiente de trabalho, nas relações sócio afetivas, devemos nos esforçar pra um bom convívio, escutando apenas o que queremos, falando não mais que o necessário, caminhando e cantando, sem se esquecer que o tempo se encarrega de por as coisas nos lugares certos, sem ser preciso desgaste emocional.