CRÔNICA - Vôlei feminino – Quase novamente!
CRÔNICA – VÔLEI FEMININO – QUASE NOVAMENTE! – ESCRITA EM 14.11.2010
Não foi surpresa alguma para mim o fato de as nossas meninas terem apanhado das russas, ontem pela manhã, no campeonato mundial da modalidade, que se realizou no Japão.
Com um placar negativo de 2 x 3, no tie-breake, a exemplo do que ocorrera há quatro anos, em 2006, o Brasil foi despedido da competição, culminando com o bi-campeonato russo.
Desde o início do torneio, pra quem viu as primeiras partidas do nosso escrete, que fiquei com a mosca na orelha, praticamente certo de que não seria desta vez que conseguiríamos abiscoitar o título mundial, o único que falta para completar os nossos troféus.
A equipe não nos dava a segurança necessária. Erros primários, falta de entrosamento e pouca vibração foram os principais responsáveis pelo início claudicante do nosso time. Há de se contar, também, os desfalques da Mary e da Paula Pequeno, pois machucadas não puderam defender a camiseta verde-amarela brasileira.
Aos poucos fora deslanchando com boas vitórias, culminando com a obrigação de enfrentar e vencer as russas, que vinham de belas partidas, e se apresentavam como favoritas para conquistar o bi da competição. Penso que até o nosso técnico, José Roberto, tinha certeza disso.
Tudo bem, mas dizer como desculpa que a Gamova, essa gigante de 2,02 metros de altura, ganhou sozinha o campeonato é inaceitável, porquanto isso diminui as nossas qualidades e valor, até porque o vôlei é praticado com seis pessoas na quadra. Isso é conversa pra boi dormir, como se diz na gíria. Sem a recepção, os levantamentos e os bloqueios ninguém ganha qualquer partida, daí méritos para toda a equipe russa.
Tenho em mim, pensamento próprio, de que as regras desse esporte lindo e maravilhoso deveriam ser modificadas. Começaria pela desigualdade de se enfrentar atletas de porte físico muito avantajado em relação a media vigente. Por exemplo, no boxe, um lutador de 100 quilos não pode enfrentar um de 150, pois fica aí afastado o princípio da razoabilidade. Não é justo que uma jogadora de 2,02 metros de altura possa disputar, de igual para igual, com atletas de 1,85 metros, por exemplo.
Ora, para o mais leigo dos mortais, está aí justamente a razão de a Gamova ter marcado 35 pontos, praticamente uma partida e meia com aquelas cortadas sensacionais, sem qualquer dificuldade, furando todo e qualquer bloqueio que se apresentava a sua frente. Não há bola difícil para essa fora de série; bola em suas mãos é sinônimo de ponto, e não deu outra...
Não se pense que no Brasil não tenhamos mulheres de altura semelhante ou até maior. Basta fazer uma busca país afora e recrutar essas gigantes que estão por aqui no anonimato, adormecidas, passando até necessidades, quem sabe, fornecer-lhes bons treinamentos, alimentação rica e farta e partir para competições futuras. Ou renovamos o nosso plantel ou dificilmente vamos conquistar novos títulos.
Claro que temos boas jogadoras, todavia algumas não são substituídas, têm lugar garantido no time. Vejo atletas excelentes, potentes, todavia estão errando muito mais do que acertando. Por exemplo, a Jaqueline, que é de Pernambuco, perde cinco cortadas em dez tentativas, grosso modo. Acontece que seu marido é o melhor jogador do mundo, pelo menos fora eleito no último mundial de que participou.
A verdade é que depois da Fofão, que ainda joga um bom vôlei, a seleção está se ressentindo de boas levantadoras.
Entendo que há jogadoras convocadas somente para acompanhar a delegação e ganhar os prêmios, sem qualquer chance de disputar pau a pau com selecionados de alto nível. Para não se dizer que fiquei em cima do muro, citaria, por exemplo, a Joycinha, que sempre entra e nada faz, notadamente naquela inversão de cinco por um, pura invenção que somente dá certo uma vez na vida.
A meu pensar, existe um fator muito negativo para o nosso lado: A Rede Globo, que é a dona de tudo, fica elogiando demais as nossas atletas, dizendo-as maiores do mundo. Basta fazer uma jogada linda, boa, esforçada, que já recebem o título. Por outro lado, invade as casas de familiares das atletas e ficam a entrevistar pessoas da família (mãe, pai, irmão, amigo), e isso mexe muito com os nervos de quem está do outro lado do planeta a defender o nosso galardão. Outra coisa, esse negócio de ficar martelando a todo tempo que perdemos para elas no mundial de 2006, também no quinto set, muito desgasta nossas atletas.
Em sendo as maiores do mundo elas não acreditam que possam perder... daí aquele chororô danado depois da partida, com desculpas esfarrapadas de que a Gamova jogou sozinha...
O mais interessante de tudo é que já falaram que a derrota de ontem pode trazer sorte para 2012, isso numa cabal demonstração de que estão já se autoconvocando...é a lei da sobrevivência...
Em matéria de esportes o que ainda nos dá orgulho é o nosso vôlei, tanto feminino como masculino... a Fabizinha e a Sheila são sensacionais...
Fico por aqui.
Em revisão.
Foto: Google, Globo, Internet.