Triste Fim dos Marqueteiros

A marqueteiro do candidato do PSDB, um nordestino elegante que parece um aristocrata, em entrevista, logo após o debate de domingo, revelou a sua satisfação, porque “o Geraldo falou como presidente”. Fiquei pensando, como é estranha a cabeça de um marqueteiro. Para eles, tudo o que importa é que imagem o candidato está vendendo. Então, na sua percepção errada, o Alckmin, ao acuar o Lula com a sua recém descoberta agressividade indignada, que mais parecia uma atuação ensaiada, posou de verdadeiro presidente, deixando o ex-metalurgico na quase situação de, servilmente, despedir-se com um humilde “sim senhor, doutor, o senhor é quem pode, é quem manda, obedece quem tem juízo”. Mas vá sonhando!

As manobras marquetológicas dão pena. Vejam só, transformaram o Alckmin, pessoa cordata e boa, em Geraldo, lembrando aqui, o ditador de triste memória, o Garrastazu, que também teve o nome mudado em Médici, nome que, apesar de lembrar alguns governantes renascentistas poderosos, era melhor do que o outro, que definitivamente lembrava masmorras e inquisição... Depois, o Geraldo virou Geraldão, querendo criar um mito, porque Lula é um mito, e é muito difícil disputar com ele. O que vem agora, o Super Geraldão?

Durante o debate, “Geraldão”, insistiu em falar do AeroLula, do “de onde veio o dinheiro” e outras preciosidades, dando o tom rasteiro da campanha que aí vem, no lugar de debater com a classe de estadista que todos esperávamos. Isto é pose para um presidente?

E foi um erro crasso. Teriam esquecido, o seu marqueteiro e os seus estrategistas, que a maioria dos eleitores de Lula provém das classes com renda até dois salários mínimos? E que esse povo dificilmente vê debates? E, se vier a assistir, dificilmente vai até o fim? E, se for até o fim, não vai entender palavras como dossiêgate? Então, quem vê os debates somos nós, a classe média, e o discurso geraldino nos lembra os piores momentos dos debates do Collor, e não vai roubar votos do Lula.

E não deu outra, a pesquisa Datafolha divulgada hoje (11/10/06) dá conta que Lula subiu, exatamente nas classes de maior renda. E o Geraldão caiu.

Então, senhoras e senhores, o melhor é demitir os marqueteiros e debater livremente, o que der na telha, sinceramente, com o coração puro e livre das tramóias da politicagem, é o que queremos, nós o público do show televisivo dos debates