*Tragédia Social
Todos os instrumentos de avaliação públicos e privados revelam o caos da aventura brasileira no que se refere ao sistema de ensino público do Brasil. Apresentam dados inequívocos de uma realidade há muito tempo conhecida e experimentada pelos pais de alunos da rede pública. Infelizmente, os clamores dos pais nesse sentido nunca foram compreendidos.
Alguns dirigentes e profissionais da educação, de forma arrogante, até chegaram a afirmar que os pais não sabiam do que estavam falando e não compreendiam que os tempos tinham mudado e que o ensino era moderno e avançado. No entanto, o resultado do fracasso esta aí. O leite foi derramado e não há como chorá-lo.
O Brasil, nos últimos vinte anos, conseguiu ampliar oferta de ensino público, entretanto, ao invés de se tornar em mecanismo de inclusão, tornou-se mecanismo de exclusão. Essa história de copiar sistema de ensino do primeiro mundo contribuiu para que o país não tenha consolidado um sistema de ensino próprio, com as características da diversidade do povo brasileiro.
O resultado dessa aventura é que nós somos um dos poucos países do mundo a ter analfabetos escolarizados aos quais os pesquisadores e especialistas denominam “analfabetos funcionais”. De quem é a culpa? Acredito que a iniciativa mais correta não seja buscar culpados. A responsabilidade é nossa, então, cabe somente a nós mudarmos o rumo dessa tragédia do Sistema Público de Ensino do Brasil.
A elite tem seu mecanismo de manter uma oferta de ensino de qualidade para seus filhos e, assim, consolida seu domínio de acesso às melhores oportunidades, enquanto que o resto da sociedade tem apenas o ensino público caótico que não cria oportunidades de ascensão, salvo raras exceções.
Podemos ficar indignados com a má qualidade do ensino público; alguns podem não concordar com os resultados das pesquisas, porém, não temos argumentos convincentes para contestar a evidencia clara dos equívocos da política de ensino do Brasil. As pesquisas nem seriam necessárias mas, elas têm vital importância para abrir nossas mentes e nos convencer a mudar de atitude.
Chega de aventuras e experimentos inconseqüentes. Educação Pública é cara e ineficiente por isso não contribui adequadamente para diminuir as desigualdades sociais e não é isso que queremos. Nessa realidade, somos convidados a buscar saídas para melhorar a qualidade do ensino público e reverter o quadro tenebroso que se apresenta nesse momento.
É responsabilidade do Poder público e da Sociedade prover ensino público de qualidade e isso não está ocorrendo. Nós somos capazes de reverter esse quadro de tragédia social.
*Texto escrito em 2004