TIRIRICANDO A DEMOCRACIA

     Já escrevi aqui, num artigo, que o Congresso Nacional é a cara do Brasil multifacetado. Tiririca - o cidadão -, representa uma delas e, com certeza, não é a face do palhaço,(pejorativamente adjetivado como se tal palavra fosse um paradoxal sinônimo do trágico ridículo), mas do homem simples, comum, a quem a nossa Carta Mágna igualmente confere o direito de votar e ser votado. O conceito de cultura em nosso país ainda está muito restrito à escolaridade, embora muitos saibam que cultura é toda manifestação de vida de um povo. É claro que de alguém com mais conhecimento espera-se uma representação mais atuante e eficaz, o que nem sempre acontece. Idoneidade moral e reputação ilibada não se adquire com títulos; nascem com a índole do indivíduo, seja ele culto, primariamente escolarizado ou analfabeto.
     Que venham os íntegros intelectuais assumirem na prática o discurso político, candidatando-se. Estranhamente eles estão à sombra dos "ignorantes", aliando-se a eles para se beneficiarem de cargos ou fazer lobby visando a interesses particulares.  De outro modo, o exercício da democracia abrirá mais e mais espaços para o elemento comum competir com o político "padrão", eivado de vícios. O que se exige de um político é direito e dever de todos nós. Se eles nos representam, são as nossas qualidades e defeitos que transparecem. Cabe-nos aprimorar nossa cidadania exercitando a honestidade, o comportamento ético, a idoneidade moral, para que tenhamos também uma "ficha limpa", pautada na reputação ilibada que nos habilite não só a votar mas sermos votados. Do contrário será inútil aspirar a uma democracia pura. Isto implica dizer também que o Palácio da Alvorada não é "a casa da mãe Joana"; que no Palácio do Planalto a Casa Civil não é "a casa de Irene", aquela onde  “tem gente que chega, tem gente que sai”...
     Um torneiro mecânico chegou à Presidênciada República sucedendo um sociólogo. Agora vem uma mulher, que certamente serviu de cobaia nesta recente e inusitada eleição em que o gênero sobressaiu-se à espécie. E aí é que muitos se equivocam, pois não é o fato de ser homem ou mulher que avalia o mérito de alguém ambicioso por conquistar o mais alto posto de uma nação, mas a averiguação criteriosa de um histórico político e de um currículo administrativo somados à idoneidade moral e reputação ilibada que o capacite. Estes primeiros requisitos obviamente o Tiririca não os tem. A idonedade moral e reputação ilibada o cidadão Francisco Everardo Oliveira da Silva haverá de comprovar durante o mandato caso efetivamente se disponha a abandonar a ingênua e inofensiva palhaçada para ingressar com seriedade na carreira política.

Brasília, 15/11/2010


Palácio do Planalto.
LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 15/11/2010
Reeditado em 15/11/2010
Código do texto: T2616240
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