A chuva nossa de cada dia
Confesso, que gosto muito de tempos chuvosos. Não sei exatamente o motivo, mas creio que seja, talvez, pelo fato de eu me sentir mais introspectiva e sensível.
Da janela de um carro ou da janela da minha casa, aprecio feliz as gotículas de água que descem do céu e beijam sem pudor a terra que pisamos.
Porém, o que me encanta mesmo, são os eventos que acontecem no céu antes mesmo da chuva cair: o horizonte se torna nebuloso, o vento sopra voraz, as nuvens brancas se transformam em grandes blocos negros e densos.
Na verdade, não estou falando daquelas chuvas avassaladoras, que destroem casas, alagam ruas e aniquilam plantações. Estou me referindo àquelas chuvas que benzem mansamente as manhãs, deixando-nos prisioneiros de nossas camas em plena segunda-feira. Há também as chuvas indesejadas, que descem da casa de Deus nos fins de tarde, depois de um dia exaustivo e rotineiro. Estas soam com mais melancolia, porque anunciam a chegada soturna da noite.
E por fim, temos as chuvas noturnas, que acompanhadas das nuvens ruborizadas convertem o bucólico momento em solidão e nostalgia. No mais, o que me resta é terminar de escrever esta singela crônica, beber meu vinho e continuar ouvindo os chuviscos abençoados, que agora repousam sobre o telhado de casa.