Só na multidão...
Esther Ribeiro Gomes
Aprendi que a solidão independe das companhias.
Quando aquele vazio invade a alma, podemos estar sós, acompanhados ou, até mesmo, no meio da multidão...
Estar só é condição inerente ao ser humano, nascemos sós, morreremos sós...
Mas, como tudo na vida, a solidão tem dois lados: podemos encará-la como abandono, ou como liberdade para correr atrás dos nossos objetivos.
À vezes é bom estar só para repensar a vida, colocar as idéias em ordem, dar um tempo, por o pé no breque, enfim, desacelerar...
A vida moderna é um corre-corre sem fim, ninguém mais tem tempo para nada, as pessoas vivem aceleradas, estressadas, cansadas e infelizes.
São tantas exigências e compromissos que transformam a vida numa competição, gerando uma sociedade individualista e egoísta.
A vida nas grandes cidades é desumana, ninguém se importa com os outros, é cada um por si e quem não se adaptar, sente-se isolado e cada vez mais só na multidão...
Na juventude a solidão pode ser uma opção de vida, uma escolha, mas na decrepitude ela é companheira constante e indesejável...
Os filhos já se casaram ou foram estudar fora, um dos cônjuges partiu, por morte ou separação, enfim, a vida fica vazia e perde seu significado.
A falta de objetivo, de sentir-se útil, leva, muitas vezes, à depressão, agravada pela solidão involuntária.
É preciso aprender a cultivar o espírito para alcançar o enriquecimento interior que nos permitirá enxergar a vida sobre outro prisma,
encontrar novos valores que substituirão aquele vazio interminável
na alma...
Sair do casulo, praticando a solidariedade, olhar para o próximo distribuindo afeto e amizade, é o primeiro passo para preencher
de amor o coração, dando uma rasteira na solidão!