O VIZINHO ALADO, AO LADO
As férias se acabaram e os vizinhos, que moram ao lado, voltaram, para a minha tristeza e desespero. Com eles trouxeram o papagaio de estimação, que já faz parte da comunidade.
Todos os dias ele me acorda com seus gritos estridentes. Assovia, grita e, com sua voz esganiçada, grita meu nome: Mariiiiiiiiiiiiiiia, acorda pra trabalhar, Maria!
Pobre bicho! Não entendo o que faz um ser humano prender uma ave de grandes asas, nun pequeno quadrado, atado a uma corrente. Ele que tem asas para voar não pode se conformar de viver em Ipanema, ouvindo barulho de carros e motos. Quando passa o carro de bombeiro ou da polícia, com as sirenes ligadas, ele parece ficar ainda mais nervoso. Se joga de cabeça para baixo e fica pendurado pelo pé, numa atitude suicida.
Talvez, bem mais atordoantes do que as sirenes, sejam os gritos da vizinha o que mais deve atormentá-lo, não só a ele, mas ao marido, aos filhos e aos vizinhos. Ela blasfema o dia todo, xinga os filhos desde as primeiras horas do dia e roga pragas no marido, um homem já bastante idoso para ser o pai daqueles diabretes. Ele parece não se incomodar. Da minha janela o vejo com o fone nos ouvidos, talvez embalado por alguma canção romântica, longe dos gritos da mulher. Mas e o papagaio, como fica nessa história? Ele não tem um I-phone e não pode fugir da sua prisão.
Todos os dias o olho pela manhã, na esperança de, um dia, vê-lo tapando os ouvidos com as asas. Enquanto ele não consegue essa façanha, vai gritando para encobrir os gritos da vizinha ou, talvez, para mostrar seu desespero.
As férias se acabaram e os vizinhos, que moram ao lado, voltaram, para a minha tristeza e desespero. Com eles trouxeram o papagaio de estimação, que já faz parte da comunidade.
Todos os dias ele me acorda com seus gritos estridentes. Assovia, grita e, com sua voz esganiçada, grita meu nome: Mariiiiiiiiiiiiiiia, acorda pra trabalhar, Maria!
Pobre bicho! Não entendo o que faz um ser humano prender uma ave de grandes asas, nun pequeno quadrado, atado a uma corrente. Ele que tem asas para voar não pode se conformar de viver em Ipanema, ouvindo barulho de carros e motos. Quando passa o carro de bombeiro ou da polícia, com as sirenes ligadas, ele parece ficar ainda mais nervoso. Se joga de cabeça para baixo e fica pendurado pelo pé, numa atitude suicida.
Talvez, bem mais atordoantes do que as sirenes, sejam os gritos da vizinha o que mais deve atormentá-lo, não só a ele, mas ao marido, aos filhos e aos vizinhos. Ela blasfema o dia todo, xinga os filhos desde as primeiras horas do dia e roga pragas no marido, um homem já bastante idoso para ser o pai daqueles diabretes. Ele parece não se incomodar. Da minha janela o vejo com o fone nos ouvidos, talvez embalado por alguma canção romântica, longe dos gritos da mulher. Mas e o papagaio, como fica nessa história? Ele não tem um I-phone e não pode fugir da sua prisão.
Todos os dias o olho pela manhã, na esperança de, um dia, vê-lo tapando os ouvidos com as asas. Enquanto ele não consegue essa façanha, vai gritando para encobrir os gritos da vizinha ou, talvez, para mostrar seu desespero.