LIVRE DE AMARRAS
Edina Bravo
Depois que uma mulher passa uma vida inteira ao lado de um homem, é difícil ela livrar-se dele, por inteiro. Primeiro ela procura um advogado e resolve a parte legal da separação. Depois um apartamento novo e se resolve a separação do espaço. A seguir ela procura um psicólogo e tenta tratar da cabeça. Agora parece que tudo está resolvido. Ledo engano, meus amigos. Ela continua a ler o horóscopo dele quando vai ler o seu. Ela vê uma roupa na loja preferida dele e quase a compra para dar-lhe de presente. Continua, por algum tempo, a fazer as coisas que ele gosta de comer, fica ainda, por algum tempo, fazendo assinatura do jornal que ele gosta, embora até se prefira o concorrente. Livrar-se por completo do fantasma do ex-marido é um processo longo. É como se ela tivesse que ir tirando várias camadas de pele que estavam cobrindo o seu corpo, não a deixando respirar. Até chegar à camada mais profunda, não é fácil, mas quando ela chega é uma libertação. Ela pode caminhar sem amarras e seu corpo fica cada vez mais leve. Pode voar livre, mas como esse pássaro esteve muito tempo preso, ele primeiramente dá pequenos voos e olha para a gaiola, sem acreditar que a porta está aberta e que não mais se fechará. Depois ele voa até o muro mais alto e olha para baixo. A altura é grande e só tem duas opções: voar sem olhar para trás ou ficar morrendo de medo do desconhecido. Eu, se estivesse nessa situação, quereria conhecer o desconhecido.
Edina Bravo
Depois que uma mulher passa uma vida inteira ao lado de um homem, é difícil ela livrar-se dele, por inteiro. Primeiro ela procura um advogado e resolve a parte legal da separação. Depois um apartamento novo e se resolve a separação do espaço. A seguir ela procura um psicólogo e tenta tratar da cabeça. Agora parece que tudo está resolvido. Ledo engano, meus amigos. Ela continua a ler o horóscopo dele quando vai ler o seu. Ela vê uma roupa na loja preferida dele e quase a compra para dar-lhe de presente. Continua, por algum tempo, a fazer as coisas que ele gosta de comer, fica ainda, por algum tempo, fazendo assinatura do jornal que ele gosta, embora até se prefira o concorrente. Livrar-se por completo do fantasma do ex-marido é um processo longo. É como se ela tivesse que ir tirando várias camadas de pele que estavam cobrindo o seu corpo, não a deixando respirar. Até chegar à camada mais profunda, não é fácil, mas quando ela chega é uma libertação. Ela pode caminhar sem amarras e seu corpo fica cada vez mais leve. Pode voar livre, mas como esse pássaro esteve muito tempo preso, ele primeiramente dá pequenos voos e olha para a gaiola, sem acreditar que a porta está aberta e que não mais se fechará. Depois ele voa até o muro mais alto e olha para baixo. A altura é grande e só tem duas opções: voar sem olhar para trás ou ficar morrendo de medo do desconhecido. Eu, se estivesse nessa situação, quereria conhecer o desconhecido.